Umbanda, uma fé afrorreligiosa

Fonte: internet
Cada casa umbandista tem a sua digital. Ou seja, tem seus  ritos. Em comum, a maioria cultua Zambi (Deus, o senhor do universo), Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, pretos-velhos, ibeji ou erês (crianças), Nanã, Oxum, Iemanjá, Iansã (as grandes mães), Oxumaré (senhor do arco-íris, mediador entre o céu e a terra) e Exú. A forma de tratar cada um deles difere pouco de uma casa para outra. Mas pequenos traços na forma de conduzir os rituais dão singularidade aos terreiros.

Sem distinção, a Umbanda cultua divindades dos panteões dos diversos povos africanos, o que a torna uma prática afrorreligiosa. Há que insista em dizer que a Umbanda é uma religião cristã. Trata-se de um equívoco, em razão do sincretismo. A associação dos orixás aos santos católicos nada mais foi do que uma estratégia dos negros, num longo período de tempo em que os colonizadores escravistas, sob bandeiras da fé eurocêntrica, compreendiam como bruxaria qualquer outra prática de fé que não fosse católica. 

Vistos como seres sem alma pelos religiosos católicos, os negros não poderiam cultuar nada que não tivesse a bênção do Vaticano.  Converter negros ao catolicismo era uma missão e condição para que continuassem vivos. Aos rebedes, espancamento, ou morte, ou ambos (surras até desencarne). Tanto foi assim que, nos anos de 90 do século passado, a  cúpula da Igreja Católica pediu, publicamente, perdão ao povo negro por compactuado com a escravião de africanos desde o século 16; e por ter depreciado os negros e os comparados aos animais. 

Em 1988, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedicou a tradicional Campanha da Fraternidade aos afrodescendentes, por ocasião do centenário da (pseudo) Abolição da Escravidão, pela então princesa Isabel. Ainda hoje, a escravidão persiste no Brasil. Se no passado, esse regime de trabalho forçado, com tortura e morte, era aplicado somente aos negros sequestrados em terras africanas, hoje a prática não se dá pela cor da pele, mas pelas condições socioeconômicas do indivíduo tanto no meio rural quanto nas grandes cidades. Outra diferença, é a de o Estado, por meio de equipes especiais, combater os escravagistas contemporâneos, imputando-lhes multas e prisões por infrações penais.

A mistura de povos africanos, com suas culturas e rituais distintos, levou, igualmente, a práticas diferentes. Entrentanto, pouco interferiu na relação entre as pessoas e as divindades, os orixás. Os nomes podem variar em razão entre as diferentes matrizes africanas, mas não deixam de ser os orixás que se fazem presente na Umbanda. [RG]


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