Hoje é dia de festa. Salve Cosme, Damião e Doum!
Hoje é dia de festa nos Caminheiros de Santo Antônio de Pádua. A tradicional homenagem aos gêmeos Cosme e Damião, em 27 de setembro, foi antecipada. Eles são associados à falange das crianças na Umbanda e nas demais vertentes da afrorreligiosidade, nas quais são denominados como erês, ibejis, vunji. Quando adultos, segundo a versão católica, os gêmeos Cosme e Damião, nascidos na cidade de Egéia, na Arábia, por volta do ano 260, como médicos, se dedicaram a cuidar das crianças e também dos adultos, sem nada cobrar em troca. O terceiro irmão — Doum, o trigêmeo — teria morrido precocemente, motivo que levou Cosme e Damião a formarem-se médicos.
Por serem cristãos, eles foram perseguidos,torturados e mortos, por ordem do imperador romano Diocleciano, que odiava os que acreditavam e difundiam os ensinamentos de Jesus Cristo. Eles foram santificados pela Igreja Católica no século 6, pelo papa Félix IV. Mas, pelo carinho dispensado aos pequeninos, passaram a ser reconhecidos como os protetores das crianças e patrono dos médicos, por terem exercido, com amor, a medicina.
Saudar os erês é um momento de enorme alegria. Para os Caminheiros, essa gigantesca falange tem muitos significados. O senhor Ogum da Floresta, guia-chefe, incorporava na dirigente Antônia Lins, fundadora da casa. Ele ensinava que as crianças da espiritualidade tinham capacidade e habilidade de vencer obstáculos e dialogavam com todos os orixás. Segundo ele, as crianças têm o dom de entrar e sair de quaisquer lugares, muitas vezes sem serem percebidas. Ao mesmo tempo em que são extremamente peraltas e arteiras, exalam meiguice, amorosidade, inocência e bondade. Com tantos predicados bonitos, conseguem vencer obstáculos e produzir o que chamamos de "milagre". Quantos apelos não fizemos — e sempre fazemos — à falange das crianças e conseguimos alcançar a graça esperada?
Nos Caminheiros, elas são homenageadas o ano inteiro. Essa reverência é feita por todas as entidades e guias de atendimento ao público, que oferecem balas aos que buscam uma ajuda para seus dilemas e lenitivos dores no centro. Não há quem não receba balas dos guias ao fim do atendimento, seja para que degustá-las ou para colocar nos jardins, nas estradas ou em outros locais e façam seus pedidos às crianças da espiritualidade. Essa prática é reprodução dos ensinamentos do senhor Ogum da Floresta, para quem não poderia faltar balas no centro, bem como flores, expressão da conexão dos Caminheiros com a natureza.
Festejar as crianças não é ato de um só dia no ano. Elas devem sempre, todos os dias, ser festejadas, cuidadas e receber afeto e carinho para que se tornem boas e transformadoras na construção de um mundo melhor, dominado pelo respeito e amor ao iguais. Elas são a expressão da sinceridade, da inocência e da alegria. Amar as crianças e amar a Zambi e a todos os orixás, cujas falanges abrigam as crianças a espiritualidade.
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