"Daí de graça o que de graça recebeste"

Solidariedade é um gesto de amor e de paz
Entre os muitos ensinamentos da Umbanda, há o que nos impõe "dar de graça o que de graça recebemos" que vem a ser o dom da mediunidade. Embora seja uma lição bíblica aos cristãos, ela está totalmente afinada com os valores umbandistas e com a sensibilidade  mediúnica para ser um elo entre a espiritualidade e plano material. Portanto, não estamos autorizados a precificar ou cobrar por essa oportunidade de ser um porta-voz das mensagens da espiritualidade aos chegam a uma casa umbandista.

Tais mensagens não são produtos expostos em vitrines para venda aos clientes. Mas há quem as tratem como mercadorias, a fim de repassá-las a terceiros, por preços que entendem convenientes. Não estamos aqui para julgar e condenar que assim procede. Mas cabe-nos, como umbandistas, lembrar de uma das lições basilares desta prática de fé e de diálogo com o sagrado: dar de graça o que de graça recebemos. Há de se lembrar também que a escolha que fizemos para ser mediador entre a espiritualidade e os que chegam a uma casa umbandista foi nossa. Nada foi-nos imposto. Poderíamos dizer "não" a essa missão. Ou seja, poderíamos fazer uso do direito do “livre arbítrio”.

Não fomos pressionados a seguir o caminho do desenvolvimento da nossa mediunidade. Foi uma escolha e, na maioria das vezes, feita pelo coração, pela fé, pela graça alcançada, por entendermos que poderíamos ser também útil aos que necessitam de ajuda.

Quando os dirigentes de uma casa umbandista ou de qualquer outra da afrorreligiosidade pedem doações em dinheiro, não estão cobrando pelos trabalhos espirituais. Querem e precisam da generosidade de quem pode para a manutenção da instituição, que, como outra qualquer, precisa de recursos financeiros para zelar e manter o espaço condignamente a fim de receber todos que lá chegam. É um espaço material que exige cuidado, higienização e conforto a todos.

Diferentemente do que podem supor, as casas umbandistas são instituições sem fins lucrativos e mantidas pelos médiuns. Não recebem recursos dos governos, não cobram dízimos dos frequentadores nem dos adeptos. O apelo dos dirigentes é voltado à boa-vontade dos frequentadores, apostando na sensibilidade de cada um.

Boa parte das casas umbandistas desenvolvem, além dos trabalhos espirituais, atividades sociais, pois são procuradas por pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. Elas estão na camada da população que passa fome, enfrentam carências que as impedem de, minimamente, ter uma vida digna. Como ter fé sentindo as dores da fome? Ou o frio cortante quando lhes falta um abrigo seguro? Os apelos dos dirigentes não só à manutenção da casa, mas para abrir no coração de todos um gesto de solidariedade com o próximo — uma oportunidade de expressar amor aos iguais.

Pense nisso!

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