ASCAP: Altruísmo e decência na miséria
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A partir da esquerda: Valéria, Andrea Bequiman e Aline, com o bebê no colo. Aline vive em condições precárias e deseja vender doce para aumentar a renda familiar |
“GANHO UMA CESTA básica e mais R$ 150 do Bolsa
Família. Não é preciso fazer o meu cadastro. Deem a cesta para outra pessoa que
esteja passando por mais dificuldades”, sugeriu
Rafaela, 24 anos, mãe de cinco filhos — o primeiro deles ela deu à luz
aos 14 anos. Nascida em Ceilândia, ela é mais uma entre milhares de outras
pessoas que vivem no Setor Habitacional Sol Nascente, parte da maior favela da
América Latina quando agregado ao Setor Habitacional Pôr do Sol. A altivez, a e o altruísmo de Rafaela
chamaram a atenção dos novos diretores da Ação Social Caminheiros de Antônio de
Pádua que, na manhã de sábado (30/9), foram visitar as poucas famílias (poucas
ainda) que recebem cesta básica da instituição.
Diante das limitações financeiras da Ascap, a visita
objetivou conhecer as famílias, o que fazem para ter renda, como vivem, o que
desejam para o futuro (seus sonhos) e como é possível contribuir para que
tenham meios de autossustentação, ou seja, se emancipem seja da iniciativa da
Ascap, seja dos programas governamentais, como os auxílios ínfimos concedidos
pelo Estado.
As condições de moradia de Rafaela e de muitas outras
famílias da Quadra 209, Trecho 2 do Sol Nascente, são extremamente precárias.
Quem conseguiu levantar paredes de alvenaria está recebendo ajuda do governo
para “reformar” o imóvel. Aqueles que vivem em barraco, não tem a mesma sorte —
e eles não são poucos. Vários tiveram que deixar o emprego para permanecerem
diuturnamente no lote e, assim, comprovarem que mereciam conquistar aquele
espaço de 120m² para tornar real o sonho de ter uma casa.
O local, diante da miséria inconcebível em que vivem
milhares de famílias, recebe visitas de várias instituições caritativas. Nada é
suficiente. Tudo que chega é um socorro imediato para aplacar as mínimas e
básicas necessidades das pessoas. As histórias se confundem, na maioria das
vezes, com um pesadelo.
As mulheres que tiveram quatro, cinco, seis filhos e
perderam o companheiro, por abandono, para a criminalidade ou para morte, vivem
com dificuldade ainda mais extrema. Com quem deixar os filhos para buscar
trabalho? Faltam creches. Até a unidade de saúde mais próxima fica a
quilômetros de distância. Rafaela tem habilidades para elevar a renda familiar.
Ela diz que sabe fazer trança de raiz, escova, chapinha, alisamento.
Rafaela tem competência para trabalhar em um salão de
beleza, não no Sol Nascente, onde a renda das famílias é insuficiente até para
café com pão da manhã. Ela teria de buscar trabalho em outro local, onde as
pessoas têm condições de destinar parte dos ganhos aos cuidados com a
aparência. Faltam-lhe meios para trabalhar, como escovas, secador, pentes e
outros apetrechos necessários para o exercício profissão. Doações são
bem-vindas.
A irmã de Rafaela, Aline, não tem a mesma habilidade.
Pior: tem a saúde frágil. Mãe de cinco filhos, separada do companheiro, Aline
cuida de dois. Três são criados pelo pai, em outra cidade do Distrito Federal.
Ainda com uma bebê de poucos meses no colo, ela diz ter interesse em vender
doces, como alternativa de renda. Hoje, vive com R$ 160 mensais do Bolsa
Família e conta com a cesta básica fornecida pela Ascap.
Até agora, a chances de Aline ter a casa reformada são
remotas. Ela vive em pequeno cômodo construído de madeira reutilizada. As
condições são as piores possíveis. Devido aos problemas de saúde que a obrigou
ser hospitalizada, passou algumas semanas longe de casa, tempo suficiente para
que lhe furtassem o botijão de gás. “Faço comida no fogão de lenha”, diz ela,
que não vê perspectiva de adquirir outro botijão.
A manhã do sábado foi insuficiente para visitar todas
as famílias cadastradas na Ascap. Mas o primeiro contato da nova diretoria da
instituição foi singular ante a realidade em que todas vivem. Mais que
aprendizado, foi um momento que inspirou reflexões sobre a imensa
responsabilidade que todos têm com a entidade e, acima de tudo, com o próximo.
Se ainda não é
possível alavancar os recursos materiais e financeiros para as transformações
que a realidade impõe, as cenas nos fortalecem para seguir adiante e lutar para
alcançar os objetivos da Ascap, braço social do Centro Espírita Caminheiros de
Santo Antônio de Pádua. Aos voluntários, a Ascap expressa a sua mais pura e singela gratidão, na esperança de sempre poder contar com todos em suas atividades.
Participantes
da atividade:
Andrea
Bequiman, presidente da Ascap
Matheus do
Nascimento Mendes, diretor financeiro da Ascap
Wendley
Borges Rios, diretor de eventos da Ascap
Rosane
Andrade Garcia, secretária da Ascap
Wânia Santos Pontes, titular do ConselhoFiscal da Ascap
Wânia Santos Pontes, titular do ConselhoFiscal da Ascap
Sandra Rita
Oliveira Da Silva Pontes, suplente do Conselho Fiscal da Ascap
Voluntários:
Carlos e Valéria
Enviar e-mail para ascap.caminheiros@gmail. com.
Buscamos em qualquer lugar do Distrito Federal.
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