Dia dos Pais: dividir para multiplicar
FIM DE NOITE. O trabalho estava concluído. Tomar um cafezinho e trocar, como diriam
os mineiros, um dedinho de prosa com o colega de trabalho antes de voltar para casa. Da conversa sobre o
dia e as futilidades da vida, eis que recebo uma grande lição. “Somar é apenas
acrescentar, mas quando a gente divide conhecimento, a gente multiplica”,
disse-me ele, ao recordar um dos muitos conselhos recebidos de seu pai, que,
por sua vez, aprendeu com o avô, que transferiu aos descendentes o legado
repassado pelo bisavô.
“Vou ensinar o mesmo para o meu filho”,
acrescentou, ao confidenciar que, modestamente, tem buscado ajudar estagiários
e recém-formados a realizarem as pautas que recebem. Muitos, disse ele, são
arrogantes, ainda que não tenham o menor desembaraço para o exercício da
atividade ou cumprimento da missão passada pelos chefes. Apesar do tom de
decepção, ele afirmou não desistirá de passar aos mais novos um pouco do aprendizado
em 26 anos de profissão. Não espera reconhecimento, muito menos gratidão. Só
deseja dividir para multiplicar.
Neste
sábado (12/8), constatei o quanto de ensinamento ganhei na véspera e o tanto
que aquela afirmativa, passada de geração a geração, era realidade. Para celebrar
os 46 anos do Centro Espírita Caminheiros de Santo Antônio de Pádua,
completados no dia 10 (quinta-feira), antecipar as homenagens do Dia dos Pais, tradicionalmente,
festejado no segundo domingo de agosto, e, ainda, incrementar a venda do Bazar
da Ação Social Caminheiros de Santo Antônio (Ascap), a Subcomissão de Eventos
da Comissão Doutrinária promoveu um belíssimo almoço. No cardápio, strogonoff de
frango, arroz, batata palha e salada verde com legumes crus.
Um
pequeno de grupo, formado por médiuns e colaboradores, decidiu, poucas semanas
atrás, realizar o almoço com o intuito de elevar o grau de interatividade entre
todos que estão e vão aos Caminheiros e, ainda, angariar recursos financeiros à
instituição, que, ao fim, era um objetivo menor. O Dia dos Pais seria o
atrativo para o evento, mas prometem mais encontros do gênero em repetir em
outras datas comemorativas.
Não
faltou um ingrediente. Algumas pessoas dividiram o que tinham para colaborar.
Outras dividiram a força de trabalho. Todas compartilharam e multiplicaram alegria,
tornando o simplório salão da Ascap num ambiente sensacional, seja pelo bom
sabor da comida e das guloseimas oferecidas seja pelo carinho e pela gentileza
com que recepcionaram os participantes.
O
pequeno evento — inicialmente, pensado assim — se tornou grande. O
contentamento estava estampado no sorriso largo dos que, há pouquíssimo tempo,
chegaram aos Caminheiros. Fizeram faxina para preparar o salão da Ascap,
decoraram mesas com belas toalhas estampadas de chita e flores artificiais de
boa qualidade completaram o colorido. A higienização e organização das mesas
estavam impecáveis.
Na
sexta-feira, a maioria do grupo trabalhou até as 22h, ou pouco mais. A maioria retornou
cedo nessa manhã de sábado. A equipe da cozinha concluiu, com muito esmero, o
almoço a ser servido. Todos estavam cansados? Sim, sem sombra de dúvida. Mas,
em vez de suor, exalavam satisfação. As mulheres, depois do calor do fogão,
foram para vestuário, trocaram de roupa e renovaram a maquiagem. Elas estavam
bonitas e prontas para receber os convidados. Quem foi escalado para servir os
convivas caprichou na aparência. A cada porção servida aos convidados, um
sorriso e um agradecimento.
Mais
do que somar doações dos colaboradores e dos amigos, todos, sem exceção, da
Subcomissão de Eventos dividiram os melhores sentimentos e multiplicaram uma
bela sensação de bem-estar entre os participantes, numa memorável comemoração
do Dia dos Pais. Os Caminheiros só têm a agradecer e a renovar o desejo de que
a harmonia vivenciada neste sábado se reproduza nos lares de todas as famílias
e que todos os pais sejam agraciados com carinho de seus filhos.
Feliz Dia dos Pais!
Aqui
vai um poema de grandioso gaúcho Mário Quintana,intitulado "As mãos do meu pai", em homenagem a todos os pais
que vivem neste plano material ou em outra dimensão espiritual:
"As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.
E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma..."
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