Sejam bem-vindos. Vamos construir pontes?


Ao longo de sua história — 46 anos serão completados em 10 de agosto —, os Caminheiros de Santo Antônio colecionam muitos círculos virtuosos. Como  toda casa de umbanda, há uma rotatividade de irmãos médiuns, por inúmero motivos. Mas os caminheiros seguem firmes na sua trajetória voltada à prática da Umbanda, à manutenção de ambiente acolhedor aos que buscam nas entidades  — caboclos, pretos velhos, ibejis, exus e pombojiras — o reequilíbrio de suas energias, a inspiração para superar as dificuldades naturais da vida material ou só fazer um desabafo das próprias angústias e ouvir palavras de conforto dos irmãos da espiritualidade.

Viver nos caminheiros e viver como caminheiro é uma bênção. Desfrutar desse contato com a egrégora espiritual da casa, por si, é uma graça bendita. Hoje, vários irmãos aspiram fazer parte do quadro mediúnico. Trata-se de algo muito auspicioso para os dois lados: ganha a casa, com a presença de novos irmãos, que atrairão mais irmãos da espiritualidade, o que fortalece a nossa corrente, e ganham eles que, cientes da missão espiritual, abriram seu coração para se dedicar ao próximo, sejam ele do plano material, seja do astral. Ou seja, se predispõem a ser a ponte que une os dois mundos em favor dos mais necessitados.

Mas quem chega traz muita inibição. Fica tímido. Teme fazer algo errado, não acertar na primeira. Compara-se com outros médiuns mais antigos e enfrenta as dificuldades naturais das primeiras incorporações. Questiona-se: “Estou mesmo incorporando o caboclo, o preto-velho? Que entidade é essa que me acompanha, cujo nome não sei?”.  São tantas perguntas e dúvidas, que aceleram o coração e se sobrepõem a todos os pensamentos ou se misturam com as dificuldades da vida. Vira uma salada cujo sabor não se consegue distinguir facilmente.

Entre os muitos orixás existentes, há o senhor Tempo. E por que dizemos isso? Ora, se cada elemento da natureza está associado a um orixá. Tempo é um desses elementos e um dos mais vibrantes nas nossas vidas. Há tempo para tudo, desde a concepção até o desencarne. Acreditamos que nada ocorre por acaso, então, o senhor Tempo tem comando pleno de cada momento, de cada fase da nossa existência. Então, é preciso que deixemos Tempo agir e, com as suas bênçãos, amadurecer. Um amadurecimento natural, assim como ocorre nas etapas da nossa existência neste plano.

Nossos guias chegam e vão amadurecendo também. Vão aprendendo a se relacionar conosco e com todos os que os procuram. Aprendem conosco na palestra doutrinária, com os exemplos, com os ensinamentos dos mais velhos, dos dirigentes. Aprendemos juntos e, juntos, nos tornamos instrumento da orientação de Zambi para a nossa caminhada.

Por que dizemos isso? Para colaborar com quem chega ou recém-chegou. Pedir explicação sobre o que não entendeu, buscar esclarecimento com o dirigente, com os caboclos, pretos velhos... Não é preciso se reprimir ou censurar a própria dúvida, supondo que ela não pertinente ou, pior, imaginar que está falando uma tolice. Não. Buscar conhecimento nunca é tolice. É sinal de maturidade, de vontade de evoluir e crescer e, mais adiante, ajudar quem enfrenta as mesmas dificuldades.

É despir-se do orgulho insensato, da vergonha descabida. Ou seja, é expressão de interesse, de vontade ardente de aprender para, no futuro, compartilhar os ensinamentos da espiritualidade com os que chegarem. É preparar-se para se colocar a serviço do outro. Mais: é fortalecer as raízes nos sustentam no terreiro, na prática da Umbanda e a nossa fé nos Orixás e na espiritualidade.

Não esqueça de dividir com todos suas experiências, seu conhecimento. A vida é feita de trocas, que permitem a todos construir laços fraternos e conquistar grandes objetivos. Sejam bem-vindo a todos os dias da nossa convivência.

Que a luz de Zambi seja o farol
a nos conduzir na caminhada
e a nos permitir construir belas
pontes, seja na Terra, seja no espaço.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu