Vida e morte: alegria e resignação


Novembro se despede e, ao mesmo tempo, muita gente se despede de seus entes queridos. Ao longo de todo  mês, enfrentamos muitos momentos de consternação pelo desencarne de amigos, parentes, enfim, de pessoas que nos eram muito queridas e que, de um forma ou outra, participaram de nossa vida no plano material. Além da lembrança, resta-nos a saudade. Essa não passa e parece que se torna mais forte à medida que o tempo transcorre. Mas o que importa são as lembranças dos momentos alegres, nas horas tristes em que fomos consolados, dos alertas recebidos, como expressão de amor e amizade, das confidências compartilhadas… São tantos momentos bons, que aqueles amargos caíram na zona do esquecimento.

 Hoje, o país amanheceu sob forte comoção com com a morte de 76 atletas do Chapecoense, time de futebol de Santa Catarina, que viajava para Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, para disputar o título na final da Copa Sul-Americana. E daí nos perguntamos: qual o significado das mortes coletivas? Diante desse grande sofrimento, recorremos aos ensinamentos do espírito André Luiz, que inspirou o livro Ação e reação, para compreender esse momento de infortúnio, que afeta direta ou indiretamente muitas outras pessoas. Diz o ele: “Nós mesmos é que criamos o carma e este gera o determinismo”, ou seja são determinismos assumidos na espiritualidade, pelos próprios espíritos, antes de reencarnar, com o propósito de resgatar velhos débitos e conquistar uma maior ascensão espiritual.

 O Espiritismo diz em O livro dos espíritos, questão 737, que “os flagelos destruidores atingem a humanidade para fazê-la progredir. Como ainda não aprendemos a fazer nosso progresso sem dor, ela, quando vem, nos ensina a corrigir os erros. Um flagelo como o de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, repercutirá em mais acompanhamentos dos pais, mais cuidado dos jovens, mais treinamento dos seguranças, mais responsabilidade dos empresários, mais fiscalização da lei... não precisava ser assim, mas do mal nasce o bem e todos os que deram sua vida por isso serão beneficiados espiritualmente nos resultados positivos posteriores”.

 As mortes coletivas abalam o emocional e forçam a reflexão sobre o quão é passageira a nossa trajetória no mundo. Devemos ter pressa em ser, a cada dia, bem melhor e dignos da orientação da espiritualidade para mais acertarmos do que errarmos. Assim, ante o desencarne, nós umbandistas, devemos rogar a Zambi a acolhida dos irmãos que nascem para a espiritualidade, a Iansã que os transportem com paz e serenidade à nova casa, e a Omulu, que cuide da transformação do corpo que será devolvido à terra. Enfim, que todos consigam trilhar um caminho de luz e, aos que ficaram, resignação.

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