Terreiros de umbanda e candomblé do DF serão mapeados

Na manhã dessa terça-feira (1º de março), foi realizada, na sede da Fundação Cultural Palmares (FCP), a primeira reunião de articulação e planejamento dedicada ao mapeamento cultural das casas de candomblé e umbanda do Distrito Federal.

Na ocasião estiveram presentes, além da presidenta da FCP, Cida Abreu, a chefe de gabinete, Márcia Fernandes, o diretor de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro, Ivaldo Paixão, o coordenador-geral de Gestão Estratégica, Sandro Santos, Adna Santos (Mãe Baiana), coordenadora de Comunidades de Matriz Africana de Terreiros, o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), TT Catalão, Simone Martins, representando a Administração Regional do Plano Piloto, Jaqueline Fernandes, da Secretaria de Cultura (Secult), e Carlos Alberto de Paulo, da Secretaria de Estado do Trabalho Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH), ambos representando o Governo do Distrito Federal.

A proposta é que esse mapeamento cultural aprofunde e amplie os trabalhos iniciados pelo Inventário Nacional de Referências Culturais (INCR) de Lugares de Culto de Matrizes Africanas e Afro-brasileiras no Distrito Federal e Entorno, desenvolvidos pelas Superintendências do IPHAN no Distrito Federal e em Goiás.

Enquanto o inventário tem caráter amostral, o mapeamento tem como intuito dar conta de todo o universo das casas/terreiros de matriz africana e afro-brasileira do Distrito Federal, a fim de, tal qual um levantamento censitário, identificar quem são, quantos são e onde se encontram os espaços e as pessoas adeptas dessas religiões. Diante disso, a presidente Cida Abreu avaliou que, “efetivando-se o trabalho de mapeamento das casas de umbanda e candomblé do DF, pode-se estar dando início a uma política pública que se torne referência para outras unidades federativas”.

TT Catalão destacou a necessidade de envolver a Superintendência Regional (SR) do IPHAN/DF, pois cada uma das superintendências regionais da entidade são geridas com bastante autonomia. Ademais, para o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN, um dos desdobramentos desse mapeamento cultural poderia ser a regularização desses espaços. Recentemente, a SR do IPHAN de Tocantins publicou uma cartilha contendo orientações para regularização das casas de religião de matriz africana do estado.

Carlos Alberto (SEDESTMIDH/DF) avalia o mapeamento cultural das casas de candomblé e umbanda como uma medida que se encontra em consonância com a tendência atual de institucionalização da cultura de matriz africana e afro-brasileira. Essa disposição é tão patente hoje em dia, pois é essencial para enfrentar as constantes ameaças que as mais variadas expressões dessa cultura sofrem. A institucionalização, segundo ele, torna a cultura afro-brasileira menos vulnerável.

Jaqueline Fernandes informou que a proposta da Secult/DF é que sejam formados dois Conselhos Acadêmicos, um na UnB e outro na PUC-Rio (instituição de educação superior que atuou como parceira no mapeamento dos terreiros do Rio de Janeiro, em projeto encampado por Denise Fonseca e Sonia Giacomini), e um Conselho Griô, formado pelas iyalorixás e babalorixá mais velhos e respeitados das casas de candomblé e umbanda do DF. A ideia é que o Conselho Griô funcione como mediador entre os órgãos e entidades governamentais e as comunidades tradicionais de terreiro.

Ao fim da reunião, o principal encaminhamento foi a preparação da portaria que formalizará o Grupo de Trabalho que definirá os procedimentos e a metodologia para a realização do mapeamento em questão. Algumas outras parcerias foram ventiladas para tomar parte no GT, como com o Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE), devido sua expertise em censos, a Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (RENAFRO) e o FOAFRO-DF. Para a execução do mapeamento cultural, será celebrado um convênio entre a Secult-DF e a FCP.
Fonte: Fundação Palmares

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