"A morte não é nada..."


Em tempos bicudos, como o que estamos atravessando, alentos para a alma são sempre bem-vindos. Esta semana, soube da morte da mãe de um grande amigo. Acompanhei, distante, as dificuldades de saúde da senhorinha octogenária, durante o período em que trabalhamos juntos no jornal. Ela enfrentou vários cânceres, em menos de um ano teve duas fraturas de fêmur.... Ou seja, a matéria entrou em ciclo de decadência irremediável. Ao saber do desencarne dela, enviei uma mensagem a ele para expressar meu sentimento de lamento e pesar. Por mais que saibamos que a finitude da vida é inexorável, é muito dolorido perder os entes queridos e, sobretudo, a mãe. Eis que em resposta, ele enviou-me o poema abaixo, que quero dividir com todos, pela singela e pela profunda compreensão da passagem, quando somos chamados pelo grande barqueiro para atravessar o rio e renascer em outra dimensão. Um fim de semana de alegrias a todos. (Rosane Garcia)
 
A morte não é nada. Eu somente passei...

A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.

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Os versos acima são trechos do poema/cordel "Mãe", de autoria de Marcus Lucenna






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