Ascap promove ação no Sol Nascente, em Ceilândia
Setor habitacional compõe a maior favela
da América Latina,
que abriga cerca de 80 mil pessoas esquecidas pelo poder público
que abriga cerca de 80 mil pessoas esquecidas pelo poder público
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A iniciativa da Ascap atraiu dezenas de adultos e crianças que residem na região mais pobre de Ceilândia |
Solidariedade é
atitude. Mais uma vez, a Ação Social Caminheiros de Santo Antônio de Pádua
(Ascap), braço social do Centro Espírita Caminheiros de Santo Antônio de Pádua,
tornou real o lema que, há muito, vem orientando as atividades em favor dos
menos favorecidos. No último sábado (18/7), os diretores e voluntários foram
para o Setor Habitacional Sol Nascente que, com o Setor Pôr do Sol, forma a
maior favela da América Latina, com quase 80 mil pessoas ― cerca de 10 a mais do que a Rocinha, no Rio de Janeiro ― para distribuir brinquedos, roupas, calçados e oferecer saboroso
lanche à parcela que vive na Chácara 75.
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Balbina, presidente da Ascap: a partir agora uma relação mais estreita com comunidade do Sol Nascente |
Foi o primeiro
contato direto com a comunidade. E não será a última. Para a presidente da
Ascap, Balbina Rodrigues dos Santos, o encontro é o início do crescimento da associação.
“A partir de agora, vamos tornar a Ascap mais conhecida da comunidade, que
escolhemos, há cerca de um ano, mas somente agora foi possível promover esta
atividade no local”, disse ela, enquanto preparava os sanduíches distribuídos a
crianças e adultos. Como brinde, os pequeninos ganharam brinquedos e bombons
doados à Ascap.
Cenário
Não é preciso muito
esforço para saber o que motivou a Ascap eleger o Sol Nascente como espaço para
ações efetivas que tornem real a missão da entidade. No local, não há
infraestrutura. O fornecimento de água é irregular. Faltam creches, escolas, posto
de saúde e segurança. Não há ruas pavimentadas. A poeira fina sobe com o vento,
próprio do período de estiagem. As irregularidades indicam que idosos,
deficientes, crianças pequenas têm grande dificuldade de locomoção.
O lixo se espalha por todos os lados. Em
alguns pontos, lixões começam a se formar, pondo em risco a saúde das pessoas.
O cenário mostra o quanto será grande o desafio da Ascap, disposta a somar
esforços para elevar a qualidade de vida das pessoas. No encerramento da
atividade, a equipe da Ascap constatou que é possível buscar parceiros para
tentar realizar oficinas que contribuam com os moradores na organização dos
quintais, utilização das áreas desocupadas para a formação de hortas, entre
outras ações que fortaleçam pelo menos o cardápio diário de crianças e adultos.
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Adriana produz sabão caseiro para sustentar a família |
Drama
“Aqui, na chácara
(nº 75), devem morar umas 400 famílias”, estimou Adriana Mendes da Silva, 25
anos, nascida em Ceilândia, dois filhos. Ela abriu o quintal para que a Ascap
pudesse ter um ponto para fazer sua ação no bairro. Adriana, como a maioria das
mulheres, lamenta as péssimas condições de vida do local, onde, as famílias
chegam a ficar 20 dias sem água. “Somos obrigados a colocar os galões no
carrinho de mão e ir ao córrego, que fica bem distante, para buscar água pra
tudo ― beber, cozinhar, tomar banho, lavar roupa
e tudo mais”, queixa-se.
O marido de
Adriana foi atropelado, há quase um ano, em uma das avenidas de Taguatinga. Ele
é serralheiro e trabalhava havia dois meses sem carteira assinada. O acidente o
deixou com um braço e uma perna comprometidos, a ponto de não poder exercer o
ofício. Adriana produz sabão doméstico cujas unidades são vendidas a R$ 2. “É
desse jeito que tenho conseguido sobreviver”, diz a jovem, que recentemente foi
socorrida pela Ascap com cesta básica de alimentos.
As dificuldades
de Adriana, como algumas variações, são comuns à maioria das pessoas. Na fila
formada na frente do quintal dela, dezenas de mulheres, homens e muitas
crianças. Todos ávidos por receberem os brindes levados pela Ascap. No
encontro, as mulheres ― bem mais falantes dos que os homens ― reclamavam da péssima infraestrutura do local e da ausência
do poder público.
“Tudo é muito
distante”, queixa-se Darlene Santos Silva, 23 anos, há 9 anos no bairro. Ela
cresceu no Piauí e chegou ao Distrito Federal para se juntar à mãe após a morte
da avó. “Sentimos muita falta de um posto saúde”, reclamou.
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Antonio Carlos entrega cesta de alimentos para uma senhora |
“O importante é
fazermos algo para ajudar a quem precisa”, afirma Antônio Carlos Paz de Souza, voluntário
da Ascap, que avaliou como “muito bom” o encontro com a comunidade do Sol
Nascente. “O intuito é atender pessoas carentes. Esta é a primeira de várias
outras visitas que acontecerão, pois estamos preocupados em prestar atendimento
a essa população que não conta com a ajuda do Estado”, acrescentou, pouco antes
de entregar cesta de alimentos para Aline de Jesus, 24 anos, residente há 10
anos no local.
A Ascap não leva em conta o credo religioso das pessoas. A grande preocupação é estender as mãos aos que necessitam de ajudar e, com isso, colaborar para o engrandecimento das pessoas. Para os diretores da instituição, voluntários e colaboradores a tarde do último sábado foi de imensa alegria. O contentamento de crianças e adultos preencheu todos de muita satisfação. A presidente Balbina dos Santos encerrou os trabalhos com uma prece, em que agradeceu a Deus pela oportunidade de dar um momento de contentamento às famílias e também pelo regozijo dos que participaram da atividade.
Equipe da Ascap:
― Balbina Rodrigues dos
Santos, presidente
― Haia Almeida, secretária da Ascap, além de distribuir lanche, fez a relação de pessoas que precisam de cesta de alimentos
― Suzete Cunha, a Suzy artesã,
fez o delicioso cachorro-quente servido à comunidade― Haia Almeida, secretária da Ascap, além de distribuir lanche, fez a relação de pessoas que precisam de cesta de alimentos
― Patrícia Mesquita coordenou a distribuição de refrigerantes
― Andrea Bequiman distribuiu refrigerantes, bombons e colaborou na elaboração da lista de pessoas que desejam receber alimentos
― Juacimária Alves, a Jô, organizou a fila de adultos e crianças para que a distribuição de roupas e lanche ocorresse sem tumulto
― Antonio Carlos da Paz ajudou na organização do espaço para a atividade (instalou fogão; mesa), manteve a fila em ordem, entregou cesta de alimentos
― Alessandro Soares ajudou na organização da atividade, na distribuição do lanche e no acolhimento das pessoas
― Matheus Nascimento colaborou na organização das atividades e no acolhimento das pessoas
― Valéria Mesquita fez a
documentação fotográfica da atividade
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Dezenas de peças de roupas foram entregues à comunidade |
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O cachorro-quente foi servido com refrigerante, para a alegria da garotada |
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Mulheres da comunidade Sol Nascente escolhem as roupas |
[Texto e edição: Rosane Garcia]
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