Mandamentos do médium de Umbanda [2]

A manutenção do centro é uma
responsabilidade coletiva
Na elaboração dos mandamentos dos médiuns de Umbanda, o dirigente espiritual e escritor Rubens Saraceni, ao encerrar o texto, pediu a colaboração de outros irmãos para o aperfeiçoamento doutrinário dos adeptos da religião. Hoje, trazemos a contribuição do também escritor sobre a Umbanda Alexandre Cumino. Ele traz uma orientação sobre o comportamento do médium na casa em que freqüenta, com foco em aspectos materiais, os quais nem sempre merecem a atenção necessária. Vejamos o que nos ensina Alexandre Cumino:

1 – Colabore materialmente com seu centro (terreiro/tenda/núcleo), não é responsabilidade do sacerdote custear todas as despesas de um trabalho que é coletivo. Procure saber como colaborar nas despesas, seja para dividi-las ou para pagar uma mensalidade/doação estipulada pelo dirigente. A manutenção material é tão importante quanto a espiritual, é sagrada e deve ser uma prioridade.

2 – Ao chegar no centro, desligue seu celular, procure deixar seus problemas de fora, evite conversas sobre o trânsito, política, futebol, dificuldades domésticas ou profissionais. Procure não se entregar a distrações, você está em ambiente sagrado, esteja consciente de si e do sagrado, sinta e perceba quais são seus sentimentos, pensamentos, palavras e ações neste templo da religião.

3 – Não chegue atrasado aos trabalhos, procure chegar mais cedo, informe-se o quanto antes deve chegar. Ao chegar no centro seja útil, procure saber se precisam de você para a limpeza ou manutenção e organização do espaço e do trabalho que vai se realizar. Caso não tenha mais nada para fazer, procure silenciar, meditar ou rezar, preparando-se para os trabalhos que, provavelmente, já começaram no astral. Espere o trabalho/gira/sessão se encerrar completamente antes de se retirar do templo, procure saber se ainda precisam de ajuda antes de ir embora.

4 – Fale baixo (outros podem estar rezando) e movimente-se com calma e cuidado. Seja sempre cordial, tranquilo, respeitador, atencioso e bem disposto durante os trabalhos de Umbanda. Não grite, não corra, não se manifeste com agitação ou nervosismo, independente do que esteja acontecendo. Lembre-se, o estado emocional e a atitude dos médiuns influencia diretamente o comportamento da consulência.

5 – Não use o centro/terreiro para paquerar, flertar ou causar frissons. Os trabalhos de Umbanda não podem ter como objetivo encontros afetivos. O foco das reuniões de Umbanda deve ser sempre religioso, espiritual e de autoconhecimento. Evite chamar a atenção por meio da vaidade ou do ego. Caso comece a se relacionar afetivamente com outro médium, avise seu sacerdote, pois ele é responsável pelo que acontece dentro deste ambiente.

 6 – Cuide de sua higiene, procure estar sempre com sua roupa branca, de terreiro, limpa. Esteja sempre atento ao odor dos pés (caso tenha que tirar os calçados), verifique o hálito e use desodorante sem perfume. Pois nada é mais desagradável que tomar consulta com uma entidade e ter que sentir: “chulé”, mau hálito, CC vencido e outros odores desagradáveis.

7 – Cuide de sua alimentação. Nos dias de trabalho, evite comer carnes ou alimentos de difícil digestão, abstenha-se de bebidas alcoólicas e relação sexual.

8 – Mantenha sempre acesa sua vela para o Anjo da Guarda e, quando necessário, firme sua direita e sua esquerda, tome seus banhos de ervas e faça defumação. Aprenda como se limpar e descarregar de energias negativas, não deixe tudo por conta de seus guias ou de seu sacerdote. Não seja mais um dependente e não faça do trabalho espiritual uma muleta, aprenda e conheça os fundamentos de sua religião.

 9 – Trate com respeito e humildade todos os guias que trabalham no centro e não apenas os guias do seu sacerdote.

 10 – Não ocupe o tempo de seu sacerdote com assuntos desnecessários, frivolidades ou banalidades. Provavelmente, outros irmão também querem a atenção do dirigente espiritual.

 11 – Procure entender que todo centro/terreiro tem regras, escritas ou não, que devem ser seguidas à risca, tanto por médiuns, quanto por seus guias. Procure conhecer estas regras.

12 – Lembre-se, podemos comparar o centro a uma família em que, aos poucos, vamos conhecendo as dificuldades de cada um e aprendendo a conviver com elas. Também podemos comparar a uma orquestra, em que o sacerdote é o maestro e que cada médium deve seguir sua partitura, fazer seu papel, com consciência de que cada um é uma parte do todo e, se cada um fizer sua parte, o todo estará, sempre, em harmonia. 

Comentários

creusa lins disse…
Primoroso o texto. A nossa Casa se reveste de mais força quando os membros do seu Quadro Mediúnico pratica essas orientações.

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu