Afrorreligiosos protestam contra juiz na Câmara dos Deputados

Afrorreligiosos na Câmara dos Deputados: protesto contra a declaração
do juiz carioca de que a Umbanda e o Candomblé não são religiões
Brasília (21/5) - Cerca de 200 pessoas, entre dirigentes de terreiros de Umbanda e Candomblé, simpatizantes e parlamentares, participaram, na tarde de ontem, na Câmara dos Deputados do Toque dos Adjás, uma manifestação de repúdio à decisão do juiz da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Eugênio Rosa de Araújo. O magistrado não acolheu o pedido do Ministério Público Federal para que fosse suspensa a veiculação de vídeos que satanizam os cultos afro-brasileiros e incitam a intolerância e a violência contra os terreiros. Ele alegou que a Umbanda e o Candomblé não são religiões para justificar a decisão. O protesto foi organizado pelo Fórum Religioso Permanente Afrobrasileiro do DF e Entorno (Foafro).

Os Caminheiros de Santo Antônio de Pádua foi representado no ato público pela sua presidente, Creusa Lins. Segundo ela, é fundamental que a Justiça acolha o pedido do Ministério Público e tire da internet todos os vídeos que satanizam a Umbanda e o Candomblé e estimulam ações de violência contra os adeptos das religiões de matriz africana e o vandalismo contra os terreiros. "É preciso que a Constituição do nosso país, que reconhece a diversidade religiosa, seja respeitada", afirmou Creusa.

O coordenador do Foafro, Luiz Alves, por meio das redes sociais, avaliou como um sucesso a manifestação ocorrida na Câmara dos Deputados."Mostramos que nós podemos, sim, fazer muito juntos. Somos filhos do Axé, e não precisamos de um juiz que nos fale sobre a nossa religião. Hoje, 21 de maio, será um dia lembrado por muitos, por muito tempo. A partir de hoje, nós, afrorreligiosos reescreveremos nossa história, pois somos os atores principais e não mais aceitaremos que outros o façam", afirmou.

“O forte apoio dado pela mídia e pela sociedade civil demonstra, por si só, e de forma inquestionável, a crença no culto de tais religiões, daí porque faço a devida adequação argumentativa para registrar a percepção deste Juízo de se tratarem os cultos afro-brasileiros de religiões, eis que suas liturgias, deidade e texto base são elementos que podem se cristalizar, de forma nem sempre homogênea”, declarou o magistrado.

Embora tenha recuado das declarações iniciais, o juiz Eugênio Araújo, não acolheu o pedido apresentado pelo Ministério Público Federal, provocado pela Associação Nacional de Mídia Afro. Os vídeos continuam sendo divulgados pelo Youtube. O MPF recorreu da decisão, mas a Justiça Federal ainda não se pronunciou.

Na manifestação, os parlamentares aliados da afrorreligiosidade revelaram que tencionam fazer uma representação ao Conselho Nacional de Justiça, a fim de que providências sejam adotadas em relação ao magistrado, que apoia a intolerância contra a Umbanda e o Candomblé difundida pelos neopentecostais. Os deputados Vicente de Paula, Jean Wyllys e Érika Kokay (DF), solidários com as religiões afro-brasileiras, participaram do protesto.

Em protesto contra a intolerância religiosa, fortalecida com a decisão do juiz Eugênio Rosa de Araújo, o CEN (Coletivo de Entidades Negras) saiu em caminhada do Largo do Pelourinho à Estátua de Zumbi dos Palmares, na Praça da Sé, nesta quarta-feira (21/05). O ato político pediu a garantia dos direitos das religiões de matrizes africanas no país. No Rio de Janeiro, também ocorreu uma manifestação, organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e a Associação Nacional de Mídia Afro, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Fonte: Redação do Blog dos Caminheiros com agências de notícias

Líderes afrorreligiosos deixam a Câmara pela rampa central do Congresso

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu