Em São Paulo, umbandistas lançam movimento
Estão em franca expansão as ações daqueles que,
por preconceito e ignorância, são intolerantes com as religiões de matriz
africana. A maioria é evangélica neopentecostal, que age com violência contra
umbandistas, candomblecistas e sataniza os cultos afro-brasileiros. Muitos
ocupam cargos públicos importantes ou estão alojados dentro dos legislativos em
todos os níveis de poder. No Congresso Nacional, a bancada evangélica atua no
sentido de reduzir ou eliminar direitos conquistados pelos segmentos mais avançados
da sociedade e contra as práticas religiosas diferentes daquelas dos seus
integrantes.
No fim de abril, nasceu, em São Paulo, o
Movimento Político Umbandista (MPU). Uma iniciativa de vereadores paulista. O
grupo está à frente da organização do Congresso Nacional de Umbanda de 2014,
que será lançado em 17 de agosto próximo, na Câmara dos Vereadores de São
Paulo. A cerimônia terá início às 13h, e os organizadores pretendem reunir
representantes de todos os órgãos federativos, de templos de Umbanda, da
imprensa, além de religiosos umbandistas.
A seguir a Carta Magna da Umbanda defendida pelo movimento:
A
Umbanda é religião e tem em seus fundamentos
a base na crença em um Único Deus,
e sua estrutura se estende através do panteão de forças que cremos em
nossa liturgia, os Orixás.
Acreditamos nos espíritos da Umbanda com suas
linhas e sublinhas, onde os denominamos de guias espirituais.
Dando por verdade que a religião teve as
influências das filosofias indígena, africana, dardecista e católica.
Cremos em Oxalá - Jesus Cristo e seguimos
seus ensinamentos.
Possui sacramentos e ritos próprios de batismo,
casamento e fúnebre.
A Umbanda é uma religião de culto a natureza
através dos Orixás, sendo assim é uma religião ecológica. Seus ritos são
realizados através de orações, que podem ser cantadas, ritmadas com a
utilização de instrumentos musicais.
Todos estes aspectos dentro da religião de
Umbanda se sustentam como fonte de atuação através da prática caritativa,
assistencialista e religiosa aos que a ela recorrem.
A
Umbanda atua na elevação e educação religiosa praticando trabalhos que visam a
evolução do ser humano.
Entende-se que a religião de Umbanda,
respeitando suas influências, é genuinamente brasileira, com duas
características em sua origem:
Primeira - que ela é milenar em suas
atribuições espirituais em relação a manifestações.
Segunda – que se iniciou através do médium
Zélio Fernandino de Moraes, em 15 de Novembro de 1908, em Neves, Niterói,
através do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
A Umbanda se pratica por meio da doação
pessoal, onde os médiuns de forma voluntária atuam na ajuda mutua, visando a
Caridade. Possuem compromisso, onde a responsabilidade é o alicerce ético na
prática religiosa.
Doação - A Umbanda tem no voluntariado a
forma de crescimento natural da religião, onde a participação se faz
fundamental.
Caridade – A ação caritativa é uma das formas
da elevação do espírito. Fora da
caridade não existe evolução.
Compromisso - A Umbanda tem no médium
compromissado com o bem, com a verdade, com a lealdade, com a caridade, com a
entrega pessoal, com o respeito, a essência do verdadeiro religioso como forma
de evolução.
Prosperidade – A Umbanda defende que todo
seguidor da religião deve ser prospero. A prosperidade se da pelo esforço
constante do conhecimento e trabalho individual.
Racismo – A Umbanda é uma religião brasileira
e assim como seu povo que é miscigenado. A Umbanda é o exemplo inter-racial e
responde por ela mesma, não existindo qualquer forma de preconceito.
Homossexualidade – Na Umbanda todo ser humano
é visto como irmão (a) espiritual, sendo aceita qualquer orientação
sexual. Assim abominamos qualquer tipo
de discriminação e preconceito.
Drogas – Todos que recorrem aos vários
Templos de Umbanda encontrarão o lado assistencialista. O dependente químico
deve ser tratado sem aspectos preconceituosos, tendo total assistência por
parte da religião de Umbanda. A Umbanda respeita a vontade do individuo em buscar
e aceitar o tratamento espiritual.
Eutanásia/Suicídio – A Umbanda, por valorar a
vida, nos aspectos terreno e espiritual, entende que só o Criador tem o direito
a tirar uma vida. Tais práticas são abominadas pela religião de Umbanda.
Aborto – Entende-se que a partir da concepção
já existe vida, um espírito que anseia por sua evolução. A Umbanda é contra a
prática do aborto; porém, quando existe o risco de morte da mãe, o arbítrio
deve ser dela.
Violência doméstica – A Umbanda condena
qualquer forma de violência doméstica, atendendo aos parâmetros da legislação
vigente com destaque para: Estatutos do
Idoso e da Criança e do Adolescente, Leis de proteção à mulher e a Carta das
Nações Unidas (ONU), onde os direitos da pessoa humana devem ser preservados,
combatendo qualquer tipo de violência doméstica.
O papel da mulher na sociedade – A Umbanda
defende o direito de igualdade, onde a mulher deve ocupar qualquer posição com
o mesmo tratamento.
Pedofilia/Maus tratos – A Umbanda condena
qualquer forma de ato que atente contra a criança e o adolescente, em especial
os casos de pedofilia e maus tratos, e defende que as Leis já estabelecidas
devam ser aplicadas.
Posicionamento e ética em relação à Umbanda e
outras religiões – A Umbanda traz em si a base religiosa que deve ser
respeitada. Amar, respeitar, não julgar, não caluniar, atuar sempre com
verdade, na base do bem, da educação e da elevação. O posicionamento ético em
qualquer religião deve se basear em tais atributos, manifestado pelo verdadeiro
religioso de Umbanda. Sobre a questão inter-religiosa a
Umbanda respeita todas
as religiões e busca o Estado Laico, não discriminando nenhum tipo de
manifestação religiosa que vise o respeito e evolução do ser humano.
Sobre os médiuns e assistidos – Os médiuns e assistidos em geral são vistos
como religiosos e devem agir como tal, acreditando em Deus, nos Orixás e guias
espirituais, possuir os atributos da Fé, amar seu semelhante, não julgar,
jamais caluniar, ser um pacificador, estar a serviço do bem e jamais utilizar o
seu conhecimento de forma torpe. Estes atributos são posicionamentos éticos
para todos que comungam da Fé de Umbanda.
Candidatos à política na Umbanda. A Umbanda
exige que todo candidato que se apresente dentro da religião, concorde, se
comprometa e assine documento público com o compromisso de seguir a “Carta
Magna de Umbanda”, que deverá ser exposta em seu próprio site, blog e em suas
redes sociais.
Ensino religioso – A Umbanda defende o ensino
religioso nas escolas de forma ecumênica, porém, enfatiza a inclusão da Carta
Magna de Umbanda como fonte didática e a música umbandista como forma de
inclusão social.
Comentários
Devemos divulgar interna e externamente este documento.