Velas ou oferendas podem causar grandes tragédias
Todo cuidado é pouco na hora de acender uma vela |
Um incêndio na via dos bambuzais
do Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, deixou apreensivos
passageiros e funcionários que transitavam na área pouco depois da meia noite
de quinta-feira. A Central de Polícia (Centel)
foi acionada aos 45 minutos de sexta-feira última, quando comunicou o fato à
companhia de bombeiros de Itapuã. As chamas, entretanto, foram de pequenas
proporções e controladas pela própria brigada do aeroporto, sem maiores danos,
segundo a Infraero.
O incêndio foi provocado por uma
vela acesa colocada em oferenda do candomblé deixada no local. As ofertas a
orixás são comuns naquela área. Além das velas, são colocados animais mortos e
comidas em pratos de barro, que atraem urubus para o local, com risco para as aeronaves
durante os pousos e decolagens.
ADVERTÊNCIA AMBIENTAL
A notícia acima, veiculada no
site da Tribuna da Bahia, é mais um alerta, entre milhares de outros divulgados
pelos diversos meios de comunicação, sobre a preocupação que os adeptos da
Umbanda e do Candomblé têm que ter em relação à entrega de oferendas.
Esse tipo de comportamento
despreocupado com o patrimônio ambiental, com a limpeza das cidades soma contra
a religiosidade de matriz africana. Permite e consolida uma associação estereotipada
das práticas umbandistas e candomblecistas. Hoje, boa parte dos terreiros tem preocupação
em fazer essas entregas em recipientes biodegradáveis, evitam acender velas em
situação insegura para o meio ambiente. As casas que fazem sacrifício de
animais adotam enterrá-los e, assim, evitar que a decomposição deles contamine
o meio ambiente e aumente o volume de lixo nas cidades.
Essa mudança de comportamento
dos terreiros leva em conta as boas práticas ambientais, considerando a
importância do patrimônio natural no que ele tem de mais místico. Se as energias
dos orixás têm intrínseca relação com o que a natureza nos oferece, como agredi-la
com as oferendas? Agir contra o patrimônio é incoerente, significa negar o
entendimento que orixá é natureza, como ensinam os mais velhos tanto na Umbanda
quanto no Candomblé. Poluir a água, o solo, degradar a vegetação seria o mesmo
que agredir as energias emanadas pelos orixás.
É bem provável que o incidente
ocorrido na Bahia não tenha sido intencional. Mas faltou o devido cuidado para
evitá-lo. De acordo com as autoridades, a colocação de animais mortos nas proximidades
do aeroporto atrai aves, como os urubus, que são ameaças aos aviões e colocam
em risco a vida de muitas pessoas. Muitos desses pássaros têm sido responsáveis
por grandes tragédias, quando entram nas turbinas das aeronaves.
Assim, além do aspecto
higiênico, é fundamental ter noção das consequências desses atos para a vida do
próximo e da coletividade. Tanto a Fundação Palmares, o Ministério da Cultura
quanto a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) tem
publicações com orientações para a entrega de oferendas ambientalmente correta,
cuja elaboração contou com a participação de dirigentes de terreiros.
O mesmo cuidado deve existir ao
ascender uma vela dentro de casa. A pessoa de fazê-lo em lugar seguro, longe de
produtos inflamáveis (cortinas, toalhas, madeira, papéis e outros) para que não
sejam vítimas de um incidente de dimensões inimagináveis, que coloque em risco
a própria vida ou a de outras pessoas.
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