Irmãos, é preciso reagir

Amigo e amiga dos Caminheiros


Se hoje a audiência do blog superou a marca de 62 mil visitas, muito temos a agradecer a você que tem consolidado a nossa audiência. Atualmente, chegmos a mais de 150 acessos diários. Mas, neste momento, e pela primeira vez, queremos pedir a sua especial atenção ao tema que trataremos neste texto. Antecipadamente, pedimos desculpas por nos alongarmos. No entanto, umbandistas e candomblecistas enfrentam um momento extremamente grave e delicado no que se refere ao enfrentamento da intolerância religiosa patrocinada pelos neopentecostais. As ofensas, acusações e calúnias são bastante sérias e não podemos ficar alheios a esses fatos que maculam a religiosidade afro-brasileira, principalmente os umbandistas e candomblecistas.

Você acha que a sua religião é uma expressão de fé ao Criador Supremo (Deus, Olorum, Oxalá) ou a prática da Umbanda e do Candomblé é um culto ao demônio e às forças negativas que povoam o universo?

Você vai ao terreiro de Umbanda ou do Candomblé para se dedicar a atos maléficos contra as pessoas ou busca, por meio da sua opção religiosa, se tornar uma pessoa melhor?

Os orixás, os guias, os caboclos, os pretos-velhos, as crianças (erês) são energias negativas que agem contra as pessoas, espalham as tragédias e a amargura?
Amigo e amiga, os umbandistas e os candomblecistas são acusados de serem devotos e praticantes das forças do mal. Conspiram contra Deus e todas as boas energias emanadas da Espiritualidade Maior. Pelo menos, é dessa forma que estamos sendo tratados no livro intitulado Orixás, Caboclos e guias: deuses ou demônios?, de autoria do bispo Edir Macedo, líder maior da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Recentemente, a obra teve sua venda liberada pela Justiça, apesar de ser um ataque frontal às religiões de matriz africana.

De deuses a demônios
No candomblé, Oxum, Iemanjá, Ogum e outros demônios são verdadeiros deuses a quem o adepto oferece trabalhos de sangue,para agradar quando alguma coisa não está indo bem ou quando deseja receber algo especial.
Na umbanda, os deuses são os orixás, considerados poderosos demais para serem chamados a uma incorporação. Os adeptos preferem chamar os "espíritos desencarnados" ou "espíritos menores" (caboclos, pretos-velhos, crianças, etc.) para os representar, e a estes obedecem e fazem os seus sacrifícios e obrigações.”
O trecho acima, coletado do início do livro de Edir Macedo, que já vendeu mais de 1 milhão de exemplares, qualifica os orixás de “demônios”. Mas nada disso é novidade. A obra está eivada de ódio contra todos os umbandistas e candomblecistas. Diferentemente de muitos seguidores da IURD, que são movidos pela ignorância e incitados à violência pelo ódio exalado dos pastores, Edir Macedo, fonte maior desse sentimento rasteiro, fomenta esse vandalismo e agride os umbandistas, candomblecistas com o intuito de impor o seu projeto político cujo objetivo é banir os terreiros e criminalizar a nossa prática religiosa.

O projeto de Edir Macedo avança no campo político. A Iurd está organizada para as eleições de outubro próximo. Pretende guindar aos executivos e legislativos municipais seus seguidores em mais de 5 mil municípios. Para tornar essa proposta real, ele conta com os pastores cabos eleitorais na maioria das cidades brasileiras. No Congresso Nacional, os representantes da Iurd integram a bancada evangélica. No Executivo federal, a instituição conseguiu fazer um ministro de Estado. No Executivo do Distrito Federal, há vários exemplares do séquito de Macedo. O mesmo ocorre na Câmara Legislativa e se reproduz em todas as unidades da federação. A instituição conta com simpatizantes e seguidores no Judiciário, o que explica, em boa parte, o fato de várias ações judiciais contra integrantes da Iurd não prosperarem.

Para acrescentar, um conjunto de panfletos apócrifos começou a circular na internet, que compara cada um dos orixás a um “encosto” e define a sexta-feira como o dia para a “Quebra das 7 Linhas do Mal”.

Diante dessa situação parece que não podemos fazer nada. Não é bem assim. Ao lado dos umbandistas e candomblecistas ainda há a lei maior do país, a Constituição Federal, que, em seu artigo 5º, assegura a liberdade de culto e torna os templos espaços invioláveis.

Os ataques de Edir Macedo e seus seguidores somente ficarão impunes se não agirmos politicamente contra eles. Mas qualquer reação não pode ser isolada. É essencial que haja união entre todos os irmãos e irmãs umbandistas e candomblecistas para, com base na legislação vigente, conter essa fúria desmedida dos neopentecostais contra os terreiros. Ao lado da religiosidade de matriz africana estão seguidores de muitas outras religiões, entre eles evangélicos que compreendem a diversidade existente no país e respeitam as diferentes formas de expressão de fé.

Mas a iniciativa por organizar essa reação deve partir de nós, umbandistas e candomblecistas. Se temos energia para cultuarmos os Orixás, por que, então, ficamos apáticos e passivos diante de tantas agressões aos nossos templos, contra a nossa cidadania, a nossa individualidade e aos nossos Orixás?

Recomendamos que cada irmão subscreva a carta aberta abaixo. Quanto mais assinaturas coletarmos, maior será a expressão de nossa força e unidade em defesa dos interesses e direitos dos terreiros de Umbanda e Candomblé.

Carta aberta para denúncia
de aviltamente da fé dos povos de terreiro
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoAssinar.aspx?pi=P2012N27451


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