Gifted man: espiritismo na tevê americana

Casal em cena: missão da ex-mulher é fazer do
neurocirurgião alguém mais humano (Foto: Divulgação)

Ao G1, Patrick Wilson fala sobre seriado médico que estreia no Brasil. Programa traz cirurgião arrogante que conversa com a ex-esposa morta. É uma série sobre medicina versus fé', diz protagonista de 'A gifted man', que estreia hoje (3/11), às 23h, no canal pago Universal Channel

Gustavo Miller
Do G1, em São Paulo


Não é somente nos cinemas brasileiros que o espiritismo está na moda. Estreia nesta quinta-feira (3), às 23h no canal pago Universal Channel, “A gifted man”, série repleta de grifes nos bastidores, como o diretor Jonathan Demme (vencedor do Oscar por “O silêncio dos inocentes”) e a roteirista Susannah Grant, de “Erin Brockovich – Uma mulher de talento".

O seriado retoma um tema que estava esquecido na TV americana, a espiritualidade abordada por meio de conversas com o além, que pode ser representado por Deus (caso de “Joan of Arcadia), um anjo (“Touch by an Angel”) ou mortos (“Medium” e “Ghost whispererer”) – caso de “A gifted man”. Aqui o fantasminha camarada da vez é Anna (Jennifer Ehle, de “O discurso do rei”), a ex-esposa de Michael Holt (Patrick Wilson), um aclamado e arrogante neurocirurgião de Nova York que não sai de casa por menos de US$ 20 mil.

Anna morre em um acidente de carro e começa a “visitar” o antigo marido para lhe ajudar a ter um melhor relacionamento com a irmã, o sobrinho, a secretária (Margo Martindale) e, principalmente, a tocar o projeto de caridade que ela imaginou: uma clínica beneficente para atender quem não tem seguro de saúde.

“É uma série sobre medicina universal versus fé”, resume Wilson, em entrevista por telefone ao G1. “Isso é que mais me interessa na medicina: não importa o quanto você estude, o quanto você entende de um assunto, sempre há um mistério. Todas essas coisas relacionadas ao cérebro, de poder da mente, certamente existem”, completa.

“A gifted man”, apesar da propaganda espiritual, aborda também dramas familiares e até política. A série questiona a reforma do sistema público de saúde dos EUA (uma das bandeiras do movimento Occupy Wall Street) ao ter como personagem principal um médico que não humaniza seus pacientes e os vê apenas como cifrões.

“Minha mulher é polonesa, sua família é da Polônia, então tenho a opinião de socializar a medicina. Precisamos desesperadamente de uma reforma e o problema é que temos de mudamos a maneira como pensamos medicina e os cuidados de saúde. Isso vai do paciente ao médico, até à companhia de seguro. A forma como pensamos medicina como um comércio é desastroso nesse país”, comenta. “O fato de podemos lidar com um assunto tão importante e quente como esse na série, mesmo na escala de nosso pequeno show de TV, já é importante”, acredita.

O papel de Michael Holt é o primeiro de Wilson na TV aberta dos EUA. Ele, mais conhecido por trabalhos no teatro e no cinema (fez de filmes independentes como “Pecados íntimos” a blockbusters como “Watchmen”), havia realizado antes  apenas uma elogiada participação na minissérie “Angels in America”, da HBO.

Apesar das diversas ramificações de “A gifted man”, o ator faz questão de incluí-la na categoria de série médica, um gênero cujo prazo de validade nunca expira. Ele explica que há médicos na equipe de roteiristas e que seu personagem foi criado a partir de um cirurgião de Los Angeles. “Que não teve nenhuma experiência paranormal”, ri.

“Sabe, nunca vi programas médicos e só sei que ‘E.R. funcionou por tanto tempo porque era focado nos personagens. No fim do dia, é isso que faz o espectador continuar interessado. Mas por exibirmos cirurgias neurológicas super tecnológicas e a clínica gratuita também mostraremos diferentes lados da medicina”, aposta.

No final da entrevista, Wilson diz que “não se preparou espiritualmente” para o personagem.
“Não me preparei porque Michael não tem nenhuma experiência com isso e não sabe também como compreender ou lidar com isso. Então, sabe, acho que foi uma reação natural ir por um caminho aberto e desdenhoso. Tento apenas ir atrás da emoção que ele vai sentir, independente do fato de o fantasma da ex-mulher dele aparecer”, brinca.

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