Prefeitura de São Gonçalo: não há encontro marcado com a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa

Bruno Cunha
Jornal Extra on line


A Prefeitura de São Gonçalo informou que, por enquanto, não há nenhum encontro previsto entre os seus representantes e os integrantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). O pedido de reunião foi feito ao órgão nesta terça-feira pelo interlocutor da comissão, o babalaô Ivanir dos Santos. Ele quer protocolar na prefeitura o projeto que prevê a construção do Museu da Umbanda no terreno onde foi fundada a religião, em Neves. A casa onde ocorreu as primeiras sessões foi demolida.

Segundo a prefeitura, o pedido de tombamento do local está sob análise do Procuradoria Geral do Município. O órgão lembra ainda que “não tem qualquer gerência sobre a demolição”, pois o terreno é particular e, além disso, o dono está com uma obra em andamento nele.

Sobre o museu, a prefeitura lembra que o babalaô disse que o pedido da comissão foi feito à Secretaria da Presidência da República, que “teria se comprometido a articular a medida junto ao Ministério da Cultura.”

COMENTÁRIO DO BLOG

A prefeita Maria Aparecida Panisset não consegue separar gestão pública das suas convições religiosas. O descaso dispensado à destruição do Berço da Umbanda é mais uma prova da sua parcialidade. Se não houver uma intervenção vigorosa das autoridades estaduais e federais, ela continuará a sua saga insana voltada à destruição dos terreiros de Umbanda e Candomblé instalados no município de São Gonçalo.
Há poucos dias, anunciou que vai demolir mais o terreiro Caboclo Pena de Ouro, em pleno funcionamento, para, em seu lugar, construir uma vila olímpica, com recursos federais.

Conforme comunicado do deputado estadual Átila Nunes, a prefeita de São Gonçalo é campeã de irregularidades com recursos públicos e contra ela tramitam cerca de 11 ações civis públicas propostas pelo Ministério Público. Além disso, no Tribunal de Contas do Estado, a prefeita acumula várias condenações entre 2010 e fevereiro deste ano.

Com base no noticiário local, o referido deputado nos dá conta de que Panisset não mede esforços para usar os recursos públicos (veículos e outros) em favor dos neopentecostais ou de seus familiares. Nem mesmo os serviços de saúde são poupados quando estão em jogo tais interesses.

O deputado Átila Nunes nos revela ainda que em 13 de abril último, a proprietária da área ocupada pelo Berço da Umbanda, Verônica Matta da Silva, ingressou com pedido de demolição da antiga construção. Em 6 de julho passado, começou a construção do galpão, o que culminou na derrubada da antiga tenda espírita.

O governo federal tem condições reverter essa situação e restituir aos umbandistas a sua referência histórica, ícone da nossa religiosidade. Tem poderes, igualmente, para frear a insana e inconcebível cruzada da prefeita de São Gonçalo, que ignora os mais elementares direitos à liberdade de culto, consolidados na Constituição Federal. Desrespeita o acervo histórico e religioso de parcela expressiva da nossa sociedade e conduz a administração municipal com zelo duvidoso.

Inconcebível que em pleno século 21, com o amplo reconhecimento da pluralidade religiosa e cultural do nosso país, nós, umbandistas, sejamos alvos de um tratamento medieval ou, mais recentemente, como ocorreu no início dos anos 1900, perseguidos pelas forças do poder público. Pior: sejamos alvos da intolerância de um grupo religioso que busca, a qualquer preço, falsear uma hegemonia em nosso país.


LEIA ABAIXO RESPOSTA DE APARECIDA PANISSET À OUVIDORIA NACIONAL DA IGUALDADE RACIAL

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