Teatro: Céu e inferno na consciência

Crianças, jovens, adultos e idosos. Esse público heterogêneo, somando cerca de 50 pessoas, ocupou, sábado último, os bancos de madeira pintados de branco do Centro Espírita São Sebastião Mártir, na 3ª Avenida do Núcleo Bandeirante. Não era mais uma sessão de doutrina ou de passes espirituais.
Uma jovem elegante convida todos para uma prece. Palavras eloquentes dirigidas ao Criador contagiam o ambiente e dão um clima solene ao espaço. Ela  agradece a oportunidade, a existência da casa acolhedora e a presença da pessoas ali reunidas. Reforça a necessidade de agradecermos sempre a Deus por tamanha bondade ao permitir aquele encontro.
Por pouquíssimos segundos, as luzes são apagadas. Apenas uma luz negra fluorescente permite enxergar a silhueta daqueles que se colocam à frente. Uma voz, na coxia do palco improvisado, anuncia o início do espetáculo, que tratará da vida e da morte; e do céu e do inferno, um estado consciente. Os textos inspiradores são da obra de Allan Kardec, o codificador do espiritismo.
Do alto do palco caem grande panos coloridos preto, verde, branco, rosa, e azul. Eles compunham o cenário.
Começava o espetáculo. A linguagem erudita de Kardec, usada em sua obra, cede lugar a expressões atuais para falar da vida e da morte. Um ciclo que se perpetua na espiritualidade, pela encarnação e reencarnação, oportunidades de aprimoramento na escala da evolução. Explica o corpo humano como invólucro do espírito, que nasce ignorante e a ele são dadas oportunidades de escolhas por meio do livre arbítrio.Um texto claro, sem rebuscamentos, conclui que a morte é vida em outra dimensão, sem o peso da matéria corpórea.
O figurino o mais simples possível. Alguns dos atores ingressam descalços para melhor compor os personagens ali representados e reforçar a simplicidade da vida, quando a preocupação é com o crescimento espiritual.
Uma passagem suave, mas bem marcada leva público para uma nova sequência de esquete traz um conjunto de exemplos sobre o viver o céu e o inferno no plano material. O egoísmo, a avareza, a vaidade e a doação desinteressada. Por fim, uma na série cenas aborda diferentes comportamentos que transformam a vida em céu ou inferno, a partir do efeito que as ações do indivíduo causam em sua consciência.
Todo esse trabalho, com forte apelo à reflexão, sob o comando de uma senhora, a Neiva, há cerca de 20 anos na casa, mostra o quanto é possível fazer com tão pouco para divulgar a doutrina espírita. Ao fim do espetáculo, o público reagiu com entusiasmado aplauso e com salpicados gritos de “bravo”, que ecoaram pelo salão.
Bravo!

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