Pai Nosso


Em meados dos anos 1970, os Caminheiros de Santo Antônio de Pádua ainda lutavam firmemente para conseguir uma sede definitiva. Era o início da caminhada, mas a casa contava com muitos médiuns. A sede provisória era em uma sobreloja na comercial da SQN 408. Um espaço muito tímido. Mas a dificuldade não impedia a realização de sessões às quartas, quintas, sextas-feiras e aos sábados. Havia um dinamismo muito grande e a presença de um centro umbandista em uma área central da capital federal atraia centenas de pessoas a cada sessão, que era comandada pelo mentor espiritual da casa, Ogum da Floresta.

O corpo mediúnico, formado em sua maioria por jovens, também conferia um clima de efervescência aos Caminheiros. Era energia de todos os lados e planos. Grande parte desses jovens seguiu caminhos diversos fora do Distrito Federal e deixou saudades. No grupo, estava o médium Ismael Walderrama, tímido, mas pleno de fé na espiritualidade. Pouco antes de partir para São Paulo, ele enviou uma correspondência cuja mensagem principal foi uma interpretação de cada frase do Pai Nosso, prece ensinada a todos por Oxalá em sua passagem pelo plano material. Revirando a papelada que guardo dos Caminheiros, encontrei o texto e decidi dividi-lo com todos os irmãos e amigos da casa. Abaixo o texto do irmão Ismael:
Pai Nosso, que estais no céu (na individualidade)
Santificado seja teu nome (tua essência existente em todas as coisas criadas)
Venha a nós o teu reino (é o que nos pede a mente, que se afastou da fonte e que está ansiosa para voltar a ela, a reunificar-se)
Seja feita a tua vontade (do Pai, através do Cristo interno)
Na terra (na personalidade)
Assim como no céu (na individualidade)
O pão nosso de cada dia (não apenas o do corpo, nem só o do conhecimento intelectual livresco e externo, mas o que provém do Cristo interno)
Dai-nos hoje (agora, não no futuro remoto)
Perdoa nossas dívidas (cármicas)
Como perdoamos aos nossos devedores (conceito de justiça)
Não nos induza a tentações (ou seja, não nos submeta a provações e experiências fortes demais)
Mas liberta-nos do mal (isto é, liberta-nos da materialidade que nos prende e nos asfixia) 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu