As tragédias e o Livro dos Espíritos

Diante da tragédia que assola a região serrana do Rio de Janeiro, com mais de 300 mortes, recorremos ao Livro do Espíritos, de Allan Kardec, para que tenhamos uma compreensão melhor dos desígnios divinos para tantas famílias destruídas pela perda de familiares e também de bens materiais.

Quais são os motivos desses dramas coletivos provocados pela natureza?

"Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos", explica Kardec, no capítulo "Da lei de destruição" (Livro dos Espíritos, questões 728 a 741)

O Codificador lembra que a morte, por um flagelo ou por outra causa comum, ocorrerá para todos. A diferença, em situações dramáticas, como as que ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo, é o maior número de pessoas que desencarnam ao mesmo tempo. "Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a humanidade e a abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo."

Segundo ele, as vítimas "acharão ampla compreensão aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar". Isso não significa que os familiares não tenham o direito de chorar e sofrer pelas perdas, mas não devem arrefecer a fé em Deus, senhor de todos os destinos.

Allan Kardec, ainda no Livro dos Espíritos, diz que "os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo".

Comportamento humano
Do ponto de vista material, há de se reconhecer a responsabilidade das pessoas e dos governamentes diante de inomináveis tragédias. Sucessivas advertências têm sido dadas à humanidade sobre as consequências de suas intervenções negativas na natureza. Padecemos, hoje, os efeitos dos danos que provocamos ao meio ambiente. Ainda assim a cobiça e a ganância falam mais alto e orientam ações que, cedo ou tarde, afetam a vida das pessoas.

Há mais de duas décadas, as chuvas a cada ano fazem vítimas pelos deslizamentos de terra ou pelas enchentes. Mas nos comportamos como se não enxergássemos esses sinais. Insistimos nas interferências nefastas no meio ambiente. As autoridades são omissas diante das construções em áreas de risco. Permitem o parcelamento irregular do solo e fazem vistas grossas ao desmatamento das encostas. O que esperar dessas intervenções equivocadas, a não ser a tragédias.

Como afirma Kardec, são desses momentos dramáticos que devemos extrair ensinamentos e repensar o nosso modo de vida. Com que autoridade destruímos as outras formas de vida, que, como a nossa, também são obras de Deus?

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