Praça dos Orixás, promessas renovadas


A intolerância religiosa contra umbandistas e candomblecistas vai além dos ataques de seguidores das igrejas neopentecostais. O poder público também se revela intolerante quando trata com descaso as reivindicações dos dirigentes das religiões de matriz africana.
Há quase dois anos, a Praça dos Orixás perdeu seu significado. Uma mistura de intolerância com vandalismo destruiu, em 2007, as 16 esculturas de orixás feitas pelo artista plástico Tatti Moreno. A prometida revitalização do espaço, situado às margens do Lago Paranoá, na parte Sul da capital federal, não ocorreu.
A praça foi criada em 1963 e, ao longo dos anos, se tornou um ponto tradicional de homenagens à Iemanjá na virada do ano. Em 2008, a festa perdeu grande parte do seu brilho. Não havia uma imagem de Orixá. Nem mesmo os pedestais escaparam da truculência dos vândalos brasilienses.
Desde quarta-feira (12/8), dirigentes de vários terreiros de Umbanda e Candomblé do Distrito Federal e Entorno estão reunidos no local, onde ocorre o 2º Seminário sobre Intolerância Religiosa e Políticas Públicas. O encontro é organizado pela Federação Brasiliense de Umbanda e Candomblé, presidida por Marinalva Verozina do Santos Moreira, e por Ribamar Veleda, dirigente espiritual do Ilê Asé Odé Onisegum.
Na abertura do seminário, Marinalva recebeu a reportagem do Blog dos Caminheiros e reafirmou que a ausência das imagens era uma das provas da intolerância do poder público com a a Umbanda e Candomblé. Segundo ela, o descaso com a Praça dos Orixás era inquestionável. "Há muito reivindicamos segurança para a Praça", repetiu Marinalva, que dirige o Centro Espírita Gentil Guerreiro, na cidade de Santa Maria, a 40 quilômetros do centro de Brasília.
Sentada sob uma das várias tendas armadas na Praça dos Orixás para a realização do seminário, Marinalva recordou dos primeiros anos de realização da festa de Iemanjá, uma iniciativa do seu pai-de-santo, Pai Paiva, morto em 2004.
De acordo com ela, a abertura do seminário foi prestigiada por autoridades dos governos federal e do Distrito Federal. Mais uma vez as promessas de recuperação da Praça dos Orixás se renovaram.
Segundo Ribamar Veleda, a administradora do Plano Piloto, ex-deputada distrital Ivelise Longhi, disse que o projeto está pronto e aguarda aprovação do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
Hoje (14/8), o seminário prossegue, a partir das 9h, com a palestra do ministro de Confissões Religiosas Asé Opô Afonjá, Raimundo Ribeiro dos Santos, que fará uma saudação aos Orixás. Em seguida, haverá apresentação cultural do Grupo Ilê Asé Odê Onisegum. As atividades matinais terminam com a audiência pública para debater o Projeto de Lei nº 1.227/2009, de autoria do deputado distrital Cristiano Araújo, que declara a Prainha patrimônio cultural material afro do Distrito Federal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu