Minas faz caminhada pela paz e pela liberdade religiosa

Para defender o exercício da liberdade religiosa; denunciar práticas criminosas movidas a intolerância religiosa - a maioria de conotações racistas -, e com a função pedagógica de difundir a tolerância religiosa: igualdade de respeito por quem professa ou não uma fé, em 13 de maio ocorrerá em Belo Horizonte a Caminhada Cultural pela Liberdade Religiosa e pela Paz, da praça Sete à praça Afonso Arinos, a partir das 14h. A data é significativa: dia da Abolição da Escravatura (1888) e Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo (1970).
Para o sacerdote de religião de matriz africana, professor Erisvaldo Pereira dos Santos, "comunidades e templos das religiões brasileiras de matriz africana vêm sofrendo práticas de intolerância e desrespeito advindas de diversos segmentos sociais. Quando não é um grupo de neopentecostais demonizando as divindades dessas religiões, é a polícia invadindo um terreiro - templo religioso - com argumentos de cárcere privado ou que seus líderes protegem bandidos. Até o poder público tem usado o seu aparato para demolir templos religiosos, sem direito a defesa, como aconteceu em Salvador em 2008". Alguém pode duvidar que num país laico, que tem a liberdade de religião inscrita na Constituição como um direito fundamental, haja perseguição e terrorismo religioso. A materialização da teoria é outra.
A intolerância religiosa suplanta as liberdades de consciência, de crença e de culto, como consta na Constituição: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias" (inciso VI , art. 5º).
Há prefeituras que cobram impostos de templos não católicos, e até os demolem, quando o art. 150 da Constituição proíbe impostos para "templos de qualquer culto".
Carece de explicação o presidente Lula ter ido ao Vaticano - não sabemos se é um país ou uma religião - assinar uma concordata mercantilista e de caráter duvidoso: "Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil", 13.11.2008. A ética da responsabilidade é esteio do Estado laico, logo fica mal na foto o governo alardear que "O acordo foi objeto de muita consulta interna no Brasil", pois não corresponde aos fatos.
A Caminhada evidencia que a laicidade é vital para as religiões e alerta que está em curso a luta pela igualdade de estatuto, sem privilégios, entre as religiões.
O Congresso Nacional não pode dizer amém à pompa de imperador que o "acordo" confere ao presidente, aceitando que o Vaticano desrespeite nossas leis trabalhistas e que "o Brasil declara o seu empenho na destinação de espaços a fins religiosos, previstos nos instrumentos de planejamento urbano a serem estabelecidos no respectivo Plano Diretor" - que referenda antigo privilégio católico: há prefeituras que só aprovam loteamento se houver doação de área nobre para a igreja (católica)! Ai, meus sais!
Sem religião, sou fascinada pelas manifestações culturais das cerimônias do batismo em água corrente; das celebrações nos espaços sagrados do candomblé, do catimbó e do terecô; e das solenidades do catolicismo popular - inspiração do meu romance "Reencontros na Travessia: a tradição das carpideiras" - patrimônios culturais de rara beleza musical com suas benzedeiras, rezadeiras, tiradeiras de benditos e de ladainha em latim, e cantadeiras de "incelências" em louvor aos mortos.
Fonte: Jornal O Tempo

Comentários

Anônimo disse…
Do amor decorrem a amizade, o respeito, a compreensão, a caridade, a harmonia e outros tantos sentimentos nobres. Então, estaremos em equilíbrio com as forças divinas sempre que imbuídos dessas qualidades. Não importa que religião professemos: espírita, protestante, budista, umbandista, católica, ou religião alguma... O que realmente tem importância é com o quanto de amor estamos dispostos a contribuir para a melhora do mundo. Essa é a verdadeira religião, a única que pode nos religar a Deus.
salvesalve disse…
Se acreditarmos que tudo na vida tem um porquê, veremos que a Umbanda também tem os seus motivos. Afinal, Deus é onipresente, e ninguém há de se atribuir o privilégio de ser exclusivo na transmissão de Sua mensagem, que é a mensagem do amor. Não só a Umbanda, como qualquer prática religiosa voltada para o bem e o cultivo dos verdadeiros valores do espírito, está apta a transmitir a palavra de Deus.

Antigamente, tratava-se a Umbanda como religião dos pobres e ignorantes, daqueles que, sem conhecimento ou cultura, buscavam uma saída milagrosa para seus problemas e aflições. Sem validação científica ou mesmo religiosa, a Umbanda era vista como uma prática fetichista que oferecia uma solução baseada mais na indução do que na efetiva resolução das dificuldades. Em troca de agrados, o interessado poderia obter uma graça ou benesse. E, se conseguia um efeito positivo, isso nada mais era do que mera coincidência ou resultado de práticas mais seguras, como tratamentos médicos, por exemplo.

Nada disso é totalmente errado. A Umbanda é, efetivamente, uma religião de pobres e ignorantes. Mas é também de doutores e ricos, de brancos e negros, de homens e mulheres, de enfermos e sãos. É enfim, uma religião para todos.
salvesalve disse…
Se acreditarmos que tudo na vida tem um porquê, veremos que a Umbanda também tem os seus motivos. Afinal, Deus é onipresente, e ninguém há de se atribuir o privilégio de ser exclusivo na transmissão de Sua mensagem, que é a mensagem do amor. Não só a Umbanda, como qualquer prática religiosa voltada para o bem e o cultivo dos verdadeiros valores do espírito, está apta a transmitir a palavra de Deus.

Antigamente, tratava-se a Umbanda como religião dos pobres e ignorantes, daqueles que, sem conhecimento ou cultura, buscavam uma saída milagrosa para seus problemas e aflições. Sem validação científica ou mesmo religiosa, a Umbanda era vista como uma prática fetichista que oferecia uma solução baseada mais na indução do que na efetiva resolução das dificuldades. Em troca de agrados, o interessado poderia obter uma graça ou benesse. E, se conseguia um efeito positivo, isso nada mais era do que mera coincidência ou resultado de práticas mais seguras, como tratamentos médicos, por exemplo.

Nada disso é totalmente errado. A Umbanda é, efetivamente, uma religião de pobres e ignorantes. Mas é também de doutores e ricos, de brancos e negros, de homens e mulheres, de enfermos e sãos é, enfim, uma religião para todos.
salvesalve disse…
Do amor decorrem a amizade, o respeito, a compreensão, a caridade, a harmonia e outros tantos sentimentos nobres. Então, estaremos em equilíbrio com as forças divinas sempre que imbuídos dessas qualidades. Não importa que religião professemos: espírita, protestante, budista, umbandista, católica, ou religião alguma... O que realmente tem importância é com o quanto de amor estamos dispostos a contribuir para a melhora do mundo. Essa é a verdadeira religião, a única que pode nos religar a Deus.

Por isso, devemos nos despir do preconceito e nos permitir conhecer e respeitar todo tipo de religião. Todas têm alguma coisa de bom. Podem não ser a mais condizente com os nossos anseios ou com a nossa inteligência, ou com a nossa sensibilidade. Mas atendem aos anseios, à inteligência e à sensibilidade de alguém, e quem somos nós para dizer que o que sentimos é onde está a razão?

Que aqueles que ainda não conhecem a Umbanda possam desanuviar as suas mentes e se permitir conhecer as suas práticas e os seus fundamentos, que aos poucos serão tratados nesse site. Sem críticas, preconceitos ou idéias pré-concebidas, todos temos a lucrar com novos conceitos e novos valores, que, na maioria das vezes, falam direto ao nosso coração.
Anônimo disse…
Há palavras que são riscos n´água. Outras são misteriosamente processadas e voltam sob forma de graças. Daí que a coisa não vira uma epidemia porquanto dos abnegados que pelejam por todos. É chiquérrimo, a metafísica da coisa é instigante e fascinante. A alegria é pulsante e enigmática, rompe fronteiras e nos confunde a todos. Aqueles abnegados professores da metafísica que nos liberta são desconhecidos de uma diminuta elite bandeirante do evangelho...:)

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