Mãe de santo é vítima de intolerância religiosa

Por Fábia Oliveira/Jornal O Extra

Rio de Janeiro - A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa vai encaminhar hoje ao Ministério Público o caso da mãe de santo Adriana de Holanda, de 34 anos. Moradora de São Domingos, bairro de classe média de Niterói, ela tem recebido ameaças constantes dos vizinhos por causa dos cultos religiosos que acontecem em sua casa, sempre às segunda-feiras.
- Já perdi as contas de quantas vezes a polícia bateu aqui.
Venho sendo perseguida há cerca de um ano - conta Adriana, que trabalha como psicóloga na Fundação Oswaldo Cruz.
Segundo ela, no início as agressões eram verbais. A vizinha reclamava quando Adriana acendia velas ou defumadores.
- Eles me chamavam de macumbeira.
Eu nunca respondi, porque sempre quis ficar longe de confusão - diz ela, conhecida como Mãe Adriana de Iansã.
Em fevereiro, porém, a intolerância religiosa ficou mais séria, e o cunhado de uma vizinha tentou agredi-la a tapas.
- A sorte é que meu marido estava perto e me defendeu. Depois, o rapaz ainda tentou pegar uma barra de ferro para me bater. Passei por momentos terríveis - lembra Adriana.
Prefeitura de Niterói também vistoriou casa O caso foi parar na delegacia.
Como os cultos continuaram, a vizinha resolveu fazer um buraco no muro e colocar uma caixa de som com música alta.
- Ninguém consegue se concentrar desse jeito - reclama Adriana.
Segundo a mãe de santo, os cultos se encerram às 22h. A janela e a porta do quarto ficam trancadas durante a sessão.
Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, vai pedir ao Mistério Público garantia de vida para Adriana e o marido dela, Davi: - O rapaz que pegou a barra de ferro para bater em Adriana se vangloria de ter trabalhado como segurança. Nós tememos pela integridade física do casal.
Em um ano, Adriana não teve que se explicar apenas com a polícia. Pouco depois da reclamação oficial da vizinha, fiscais da Prefeitura de Niterói estiveram em sua casa. Eles foram investigar denúncias de que ali funcionava um terreiro de umbanda sem licença.
- Não tenho uma casa espiritual aberta. Quem me procura sabe que não há filas na minha porta e que não cobro pelas consultas - defendese ela. - Tive que ir à prefeitura explicar que não tenho um terreiro no quintal. Não vou parar minhas atividades religiosas de jeito algum. Foi uma missão que eu recebi e irei cumpri-la até o final.
A assessoria de imprensa da Prefeitura não foi encontrada para comentar o caso.

Comentários

Carissímos, sou a Iyalorixá de Adriana de Holanda (Mãe Fia), e quero ressaltar a importância da divulgação deste caso por inúmeros meios. É realmente difícil de entender que ainda existem pessoas que descriminam nosso Culto. Nossa luta tem que continuar pelo fim da Intolerância Religiosa,o caso da minha filha é um entre inúmeros que vem acontecendo em todo território nacional, desrespeitando assim os nossos ancestrais e todos aqueles que lutam para manter nossa religião viva e respeitada.
Nós do Ilê Axé Oxalá Talabi agradecemos a todos pela força e por abraçar esta causa, prezando assim pela integridade do nosso Culto.

Mãe Dada Talabideiyn

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