E na espiritualidade, acontece o carnaval

Por Nino Denani

Imaginem-se em meio a um turbilhão de sentimentos baixos, vis, coisas que normalmente não vemos mas que nos achamos no direito de, durante uma determinada época do ano, deixar fluir de dentro para fora.

Nós, do lado de cá, somos bombardeados por vibrações as mais diversas, e a dificuldade de manter a situação estável é por demais dificultosa.
Nesse período em especial, vocês aí e alguns de nós aqui, nos achamos no direito de baixar e por tudo o que conquistamos durante o ano a perder, pois nos afinamos a pessoas que se mantém como nós.

Hoje, com a crescente onda de desimportância em que vivemos, de egoísmo e egocentrismo, a vontade de ser inconveniente e perigoso é ainda maior. Bebe-se muito, fuma-se muito, dá-se vazão a desejos ainda mais baixos. Tudo isso nos faz ver espíritos densos se alinhando a vocês, encadnados, dando ainda mais vontades e mais desejos. O problema é sucumbir a tudo isso.
Em apenas três ou quatro dias, uma infinidade de espíritos baixos se unem a encarnados. E a ressaca, se posso chamar assim, disso tudo é o que vocês chama de “quaresma”.

Longe de mim perpetuar as lendas que vemos por aí, de portões do inferno e coisas afim. A simplicidade do que ocorre é tanta que não caberia uma figura de linguagem tão forte: espíritos estão todos por aí, nós somos muitos, encarnados e não encarnados. E toda ação tem uma reação. Você se embebedou, se uniu a espíritos que estavam no esquecimento e se compraziam com sua situação. Nós, de uma outra corrente, depois, ficamos tentando afastá-los de vocês novamente. Observem e percebam: a quaresma é um período denso, obscuro, tão denso que até o clima da terra se torna insoso. Temos muito trabalho aqui: alguns recebendo os recém desencarnados e tentando impedi-los de se vingarem, alguns desgrudando verdugos, outros convencendo espíritos a seguirem seus caminhos longe dos encarnados.

As esferas se enchem de trabalhadores, é um período longo e tenso, algumas miríades deixam seus trabalhos na crosta para ajudar seus irmãos deste lado. Algumas casas ficam tão desfalcadas que tem que fechar durante esse período, por falta de guarda. Não só os que “incorporam” é que trabalham, existem outros que fazem proteção, encaminhamento, guarda, transformação… é uma equipe grande do nosso lado. Outros centros precisam de mais pessoal, outros de menos. Os que trabalham com energias muito densas, espíritos especialistas nessa área, geralmente se afastam da crosta para atender em outros lugares daqui. Outros, especialistas em cura, em acalanto, acabam deixando seus centros para cuidar de hospitais, de mães aflitas, de pais preocupados.

É o círculo da vida, o circo em que a humanidade mergulha, para “esquecer” problemas e esquecer da vida.
Mas o que mais nós poderíamos fazer? Somos simples trabalhadores da seara de Deus. E compreender o próximo é nossa maior meta. Tudo o que podemos recomendar do nosso lado é: cuidado. Por favor, cuidem-se. Não dêem vazão a sentimentos ruins, não se deixem levar pelos vícios ou por desvios. Não se enervem, tenham paciência. A vida é para ser vivida, mas não toda de uma vez.

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