Caminheiros contornam a crise e inovam o diálogo com sagrado

Por meio da prece, diálogo permanente com o sagrado da Umbanda

Um bichinho invisível aos nossos olhos colocou o mundo de pernas pro ar em 2020. Obrigou os humanos a mudarem de comportamento. Quem o desafiou se deu muito mal. Milhares sucumbiram ante a sua força. A ciência e a medicina correram contra o tempo, para produzir uma vacina e conter o animalzinho. Ainda não está tudo resolvido, mas grandes passos foram dados. Um desafio inédito para os especialistas. Há muito a fazer para amenizar a angústia e o medo que dominam o planeta.

O Centro Espírita Caminheiros de Santo Antônio de Pádua, completará 50 anos em agosto próximo e tem muito a agradecer a Deus e à Espiritualidade. Não sucumbimos diante da praga do novo coronavírus. Alguns médiuns enfrentaram a covid-19 e venceram a batalha. Louvado seja Deus! Os trabalhos espirituais do centro foram totalmente alterados. Outros perderam familiares e amigos e, aqui, expressamos o nossas condolências, rogando a Zambi que sejam banhados pelo consolo da espiritualidade.

A realidade catastrófica impôs mudanças. Os ritos e o atendimento ao público foram repensados. A fé em Zambi não mudou. Foi fortalecida. Aprendemos, em tempo recorde, a lidar com a tecnologia para nos encontrar, como fazíamos antes.

Durante o ano que passou, os estudos doutrinários da Umbanda, que antes ocorriam, uma hora antes do início do desenvolvimento mediúnico, passaram a ser por vídeo conferência. Vários livros foram lidos e debatidos, ampliando o conhecimento dos participantes sobre a prática umbandista. Estávamos unidos, mesmo a quilômetros de distância. Nas segundas-feiras, dedicadas à sessão de desobsessão, mais ensinamentos e muito aprendizado.

Debates maravilhosos trouxeram à tona práticas enriquecedoras para as diferentes modalidades de atendimento espiritual dos Caminheiros, desde da Umbanda, passando pela desobsessão até a Fonte das Rosas Brancas. Um acúmulo positivo que, queiramos ou não, foi propiciado pelo distanciamento social. Mais: aprendemos, na prática, que é possível tirar proveito e obter aprendizado na adversidade.

Os dias tradicionais de sessões espirituais foram substituídos por preces, celebradas pelos médiuns que residem próximo ao centro. Preces para expressar a nossa fé e rogar a Zambi e aos orixás pela saúde de todos: médiuns, frequentadores e simpatizantes. Enfim, para que a Espiritualidade inspirasse os especialistas, dedicados a buscar uma solução para a vida humana no planeta. Afinal, todas as vidas importam. Os irmãos e irmãs que retornaram ao mundo espiritual não foram esquecidos. As preces aos desencarnados foi garantida aos domingos.

Depois de nove meses de quarentena, o centro reabriu — não como antes. Mas inovou a forma de dar passes espirituais aos que bateram à porta, com base nas regras de proteção. Voltamos a ver pessoas sentadas nos bancos da assistência, em pontos sinalizados para manter distância uma das outras. Todas de máscara, álcool em gel para a higienização das mãos, distanciamento prudencial, termômetro para mensurar a temperatura corporal... Seguiu-se à risca a orientação dos especialistas.

No terreiro as regras foram respeitadas. A sinalização no assoalho indica onde cada um deveria ficar. Os mentores espirituais, plenos de sabedoria, aceitaram a mudança e deram passes em todos os que chegaram à casa. Uma cena absolutamente incomum, mas com uma energia fantástica — verdadeiro bálsamo às aflições —, sentida por muitos. Algo de arrepiar!

A alegria do reencontro deu novo clima aos Caminheiros. Pequenos e lentos passos nos conduziam ao que, antes, entendíamos como normal. No ano que começa, estamos, como todos estão, aguardando o remédio que será escudo contra o inimigo invisível. Supomos que o velho normal não mais existirá. Construímos novas maneiras de estarmos unidos, de expressar fé e gratidão a Zambi e à espiritualidade.

Mais do que nunca sentimos que as energias etéreas transitam sem obstáculo e nos renovam a cada instante. Não há distâncias intransponíveis nem barreiras que nos impeçam de louvar os orixás e todas a belas forças que regem o universo. Somos energias que interagem permanentemente. A pandemia nos demonstrou isso. Uma lição que ficará para sempre na nossa história. Fomos e somos vitoriosos, pois Zambi e as forças da espiritualidade estiveram conosco e nos inspiraram. Por tudo isso, só uma palavra resume o sentimento coletivo: Gratidão.

Comentários

salvesalve disse…
Boa Tarde, parabéns Rosane, belissima me sagem. Gratidão sempre.
Monica T Maia disse…
Que texto mais lindo! Emocionante!
Salve os Caminheiros!
Salve Zambi!

Unknown disse…
Parabéns aos Caminheiros pela inovação.

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu