Reflexão: Umbanda sem coelhos na cartola
Dificuldades fazem parte da vida. É exercício diário que rompe a monotonia. Mexe com a nossa cabeça; força a inteligência; e nos mostra o tamanho da nossa capacidade e limitações. Os problemas são de toda ordem: dinheiro, relacionamento, trabalho, saúde, filhos, casa, a conta que não foi paga, seja por falta de grana, seja por esquecimento, um familiar enfermo... Encrencas intermináveis. Não bastassem, tem o chefe que acordou azedo e pega no nosso pé por qualquer coisa, o colega que é um chato... Ufa! É muita coisa.
Há alguns dias, fui provocada por uma colega. “Não consigo entender porque você passa por tanto perrengue. Você está sempre no centro e os guias não te ajudam? Por que você não pede a eles para resolver a sua vida?” — questionou a amiga.
Respondi que faço meus pedidos, rezo, mas nem tudo ocorre da maneira que a gente deseja. Disse-lhe que se fosse assim tão fácil, todo dirigente de terreiro já teria ganhado na loteria e estaria com a vida financeira e muitos outros problemas materiais resolvidos. Mas não é assim que banda toca.
Após alguns instantes de silêncio, percebi que minha resposta não foi satisfatória. Porém estava cansada, após um dia inteiro de trabalho pesado. Faltava ânimo para estender a conversa. Não esqueci o questionamento. Mais uma vez constatei que as que as pessoas vão aos terreiros certas de que a Umbanda é mágica.
Os caboclos, os pretos velhos, os ibejis (crianças) não podem ser confundidos com o grande mágico David Copperfield. Não tiram da cartola inúmeros coelhos para a soluções de quaisquer problemas. Já pensaram se fosse assim? Que loucura. Não falta quem pense igual a minha amiga.
A magia (ou mágica) da Umbanda tem outro significado, nem sempre compreendida pela maioria dos frequentadores nem pelos adeptos. Engana-se aquele que pensa que ao chegar ao terreiro ou ao sair, após conversar com as entidades, um mar de rosas se abrirá e tudo que o incomoda vai desaparecer. A conta-corrente estará equilibrada e não faltará dinheiro para suprir todos os caprichos.
Não é assim. A mágica da Umbanda está na força que a espiritualidade nos dá para enfrentar os mais variados desafios impostos pela vida. É a energia que fortalece o corpo, ilumina a mente, inspira gestos e atitudes e nos move a seguir adiante.
Somos espíritos que passam pela experiência de viver no plano material, pleno de vicissitudes, frustrações. Trata-se de período de aprendizado. Isso não significa conformismo, acomodação ou resignação. Ao contrário. É período fértil de crescimento e exercício de fé. Sentimos alegrias, choramos nossas tristezas, ficamos revoltados quando nada dá certo.
A espiritualidade não está a nosso serviço. Ela é companheira, que nos ajuda, nos dá energia para continuarmos tendo força e remar adiante. E ombro amigo nas horas mais difíceis. É consolo ante as perdas inevitáveis. É mão estendida que nos ergue a cada tropeço e queda.
Quantas vezes chegamos ao terreiro, sem pretensão, o guia chama-nos e, com muita serenidade, diz: “Vem cá, vou fazer uma caridade pra você, meu filho”. Nem sempre temos compreensão dos motivos, mas acolhemos a ajuda e os motivos daquela caridade se revelam dias depois — isso quando percebemos. Ali ganhamos novas energias para enfrentar o dia a dia e seguir em frente, sem mágica, mas envolvidos na magia das forças que atuam na Umbanda e nos abrem fontes inesgotáveis de forças para superarmos os problemas ou aliviar as dores causadas pelos infortúnios. (Rosane Garcia)
Há alguns dias, fui provocada por uma colega. “Não consigo entender porque você passa por tanto perrengue. Você está sempre no centro e os guias não te ajudam? Por que você não pede a eles para resolver a sua vida?” — questionou a amiga.
Respondi que faço meus pedidos, rezo, mas nem tudo ocorre da maneira que a gente deseja. Disse-lhe que se fosse assim tão fácil, todo dirigente de terreiro já teria ganhado na loteria e estaria com a vida financeira e muitos outros problemas materiais resolvidos. Mas não é assim que banda toca.
Após alguns instantes de silêncio, percebi que minha resposta não foi satisfatória. Porém estava cansada, após um dia inteiro de trabalho pesado. Faltava ânimo para estender a conversa. Não esqueci o questionamento. Mais uma vez constatei que as que as pessoas vão aos terreiros certas de que a Umbanda é mágica.
Os caboclos, os pretos velhos, os ibejis (crianças) não podem ser confundidos com o grande mágico David Copperfield. Não tiram da cartola inúmeros coelhos para a soluções de quaisquer problemas. Já pensaram se fosse assim? Que loucura. Não falta quem pense igual a minha amiga.
A magia (ou mágica) da Umbanda tem outro significado, nem sempre compreendida pela maioria dos frequentadores nem pelos adeptos. Engana-se aquele que pensa que ao chegar ao terreiro ou ao sair, após conversar com as entidades, um mar de rosas se abrirá e tudo que o incomoda vai desaparecer. A conta-corrente estará equilibrada e não faltará dinheiro para suprir todos os caprichos.
Não é assim. A mágica da Umbanda está na força que a espiritualidade nos dá para enfrentar os mais variados desafios impostos pela vida. É a energia que fortalece o corpo, ilumina a mente, inspira gestos e atitudes e nos move a seguir adiante.
Somos espíritos que passam pela experiência de viver no plano material, pleno de vicissitudes, frustrações. Trata-se de período de aprendizado. Isso não significa conformismo, acomodação ou resignação. Ao contrário. É período fértil de crescimento e exercício de fé. Sentimos alegrias, choramos nossas tristezas, ficamos revoltados quando nada dá certo.
A espiritualidade não está a nosso serviço. Ela é companheira, que nos ajuda, nos dá energia para continuarmos tendo força e remar adiante. E ombro amigo nas horas mais difíceis. É consolo ante as perdas inevitáveis. É mão estendida que nos ergue a cada tropeço e queda.
Quantas vezes chegamos ao terreiro, sem pretensão, o guia chama-nos e, com muita serenidade, diz: “Vem cá, vou fazer uma caridade pra você, meu filho”. Nem sempre temos compreensão dos motivos, mas acolhemos a ajuda e os motivos daquela caridade se revelam dias depois — isso quando percebemos. Ali ganhamos novas energias para enfrentar o dia a dia e seguir em frente, sem mágica, mas envolvidos na magia das forças que atuam na Umbanda e nos abrem fontes inesgotáveis de forças para superarmos os problemas ou aliviar as dores causadas pelos infortúnios. (Rosane Garcia)
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