Quaresma é prática católica

Domingo de carnaval, a maior festa popular toma conta do país. Desde sexta-feira, em grande parte das capitais, os foliões estão nas ruas, engrossando blocos ou compondo as alas das escolas de samba, que oferecem um espetáculo à parte para o Brasil e o mundo.

A festa de Momo vai até terça-feira ―, mas, para muitos, prossegue a semana inteira. Quarta-feira de cinzas é o início da Quaresma ― intervalo de 40 dias até a Semana Santa, quando os católicos revivem a vida, paixão e morte de Jesus Cristo, que culmina com a Páscoa (renascimento), que celebra a ressurreição do filho de Deus, que veio o mundo como expressão maior do amor divino.

Nesse período, o Centro Espírita Caminheiros de Santo Antônio de Pádua mantém a rotina, com trabalhos espirituais nas segundas, quartas, quintas-feiras e nos domingos. Para os Caminheiros, a atividade no mundo espiritual não cessa durante Quaresma. Assim, não para a interatividade entre os mundos espiritual e material. Os irmãos encarnados seguem necessitando de ajuda, da mesma que aqueles que vivem em outra dimensão continuam atuando em prol da própria evolução e a favor dos que precisam de auxílio.

Mas essa liberdade nem sempre existiu. Para a afrorreligiosidade, a Quaresma não teria, a princípio, nenhum significado por ser prática cristã. No passado, os terreiros fechavam as portas no mesmo período, ou seja, guardavam a Quaresma, assim como os católicos. Mais do que crença, tratava-se de estratégia para evitar a pressão ou as agressões das forças de segurança do Estado que perseguiam os terreiros.

As casas de Candomblé e várias de Umbanda encerravam o ano de trabalhos com o ritual do Lorogum ou Olorogun. Era estabelecido recesso de 40 dias nos terreiros, que voltavam a reabrir as portas no sábado de aleluia. O ritual persiste. Hoje, ainda há muitas casas que celebram o Lorogun. Passado o carnaval, os dirigentes, adeptos e iniciados têm férias de 40 dias. Na Umbanda, o adepto não é proibido seguir os preceitos da religião de origem. Não há nenhuma restrição aos que jejuam ou evitam a ingesta de carne às sextas-feiras durante a Quaresma.

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