Salve o 13 de maio. Salve os pretos e pretas velhas


Hoje, 13 de maio, comemora-se a edição da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, em 1888, para pôr fim à escravidão no país. A norma arrematou, na prática, as leis existentes, como a Eusébio Queiroz, do Ventre Livre e do Sexagenário, que, respectivamente, proibia o tráfico de escravos e que retiravam do alcance da escravidão as crianças e os adultos com 65 anos ou mais.

No Brasil, a escravidão começou no século 16 e perdurou até o fim do 19. Foram pelo menos de 300 anos de obscurantismo. A estimativa é de que 75 milhões de africanos foram vítimas do tráfico de pessoas destinadas ao trabalho forçado. No Brasil, os colonizadores europeus tentaram acorrentar os índios, mas esbarraram na oposição do religiosos católicos.  No entanto, quando eles optaram por explorar os negros, contaram com as bênçãos da igreja romana. Um século depois da abolição da escravatura, em 1988, a Igreja Católica fez uma mea culpa e pediu perdão aos negros por ter apoiado a escravidão.

Tortura e a crueldade foram elementos marcantes na vida dos negros trazidos da África para o Brasil. Aqui, eles se tornaram objetos — foram coisificados — e explorados e usados de várias maneiras, desde de reprodutores até mão de obra dos trabalhos mais pesados na agricultura, na mineração e em outras atividades econômicas para o enriquecimento dos seus algozes.

O que levou milhões de almas a padecerem por tanto tempo na cronologia humana? Quais eram os propósitos divinos para elas? Era um contingente imenso de pessoas originárias de um continente pouco explorado, mas com grande acúmulo de sabedoria e riqueza, submetido a um processo de depuração penoso e dolorido físico, moral e emocionalmente.

Para contornar as agruras da escravidão, os negros agarraram-se na fé dos orixás; associaram as divindades aos santos católicos e, quando encontravam alguma chance, fugiam para formar comunidades — os quilombos. Essas e outras estratégias mais complexas permitiram aos negros sobreviverem na adversidade.

A maioria dessas almas que tiveram uma passagem árdua e sofrida no plano material compõe a grande falange dos pretos e pretas velhas. Muito antes das leis, eles eram libertos na força espiritual que traziam dentro de si; na capacidade de perdoar e manter viva a fé nas divindades,cujas energias são traduzidas nos elementos da natureza, que tornam possível a vida neste planeta. O que é a Terra senão uma escala no processo evolutivo.

Hoje, o 13 de maio não é muito valorizado pelos negros. Mas não deixa de ser um marco na dura batalha contra a escravidão, pois nada na vida justifica homens e mulheres serem subjugados por outros, sob coação e violência. Os negros desencarnados não desistiram de ser exemplos de abnegação, de fé e de destemor frente às vicissitudes da vida material. Eles formam uma gigantesca falange de proteção para todos que ainda precisam amadurecer na fé, nas atitudes, na solidariedade e na fraternidade para alcançarem um patamar mais alto na escala evolutiva.

Todos que têm a graça de conversar com um preto ou preta velha podem se considerar privilegiados. Conseguiram obter a graça de usufruir da sabedoria desses espíritos, cuja generosidade é imensurável. Hoje, é dia de rendermos graças a todos os pretos e pretas velhas pelo muito que têm dado em favor das pessoas.
Adorei as almas!

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