Berço da Umbanda: Equívoco desfeito

No início da tarde de hoje, recebi o seguinte e-mail, assinado pelo irmão Wigder Monteiro Filho:

Cara mana Rosane, boa tarde !!!

Acredito estar havendo um pequeno erro de interpletação. Quando coloquei em negrito as palavras da família de Zelio acredito que possa ter dado a entender que sou neto dele o que não é verdade. Mas peço desculpas pela frias escritas da palavra.
Mas o diálogo é muito bom e nem sempre vamos concordar um com o outro. Não teria graça, não é ? Seria um monólogo sem graça.
Entendi sua preocupação e a compreendo.
Abraços fraternos mana.

O texto acima é uma resposta ao que produzi abaixo e que tomo a liberdade de reproduzí-lo para que o nosso leitor possa entender em que contexto se deu o diálogo:

Widger,

A expressão imortalidade tem uma conotação semântica. Concordo plenamente que a imortalidade existe, e somente Nele, o Criador. Respeito seriamente o seu entendimento, como descendente que é do médium Zélio Fernandino.
Não entenda as nossas colocações como uma divergência frontal ao seu ponto de vista (Longe de nós tamanha ousadia.) Porém, achamos que alguns marcos de referência não devem ser destruídos, pelo seu significado histórico, religioso e cultural para o coletivo. A história da humanidade, por mais tortuosa que nos pareça à luz dos ensinamentos da Umbanda e do espiritismo, está repleta de ícones que, por si só, nos traduzem ou reavivam muitos ensinamentos e, por isso, são preservados.
Isso, no entanto, não significa venerar um bem material. Ao contrário. Um legado material não embute, necessariamente tal sentimento, mas não deixa de ser algo que reaviva a memória de uma sociedade. A própria Umbanda tem seus signos e símbolos com significados bastante claros que servem de orientação aos seguidores. Trazem à tona mensagens dos antepassados, por nós tão respeitados.
Não há, igualmente, como ignorar a necessidade de adotar um comportamento ecologicamente correto frente o patrimônio ambiental existente no nosso planeta. Mesmo porque a Umbanda e todas as demais religiões de matriz africana recorrem a esses elementos em seus trabalhos, conduzidos pelos irmãos da espiritualidade. Cremos que é intrínseca a essas religiões uma vertente preservacionista. Sem contar que a Umbanda entende a vida como uma dádiva, um gesto de misericórdia do Criador dentro do processo evolutivo. E a vida não se restringe à humana, mas se estende a todos os seres — animais, plantas e tudo mais que é essencial a nossa própria vida e não por egoísmo, mas por respeito às dádivas que o Criador nos oferece pela sua imensurável generosidade.
Meu irmão, quando alertamos a Rede sobre a demolição da casa ou do espaço no qual o Caboclo 7 Encruzilhadas lançou as bases da Umbanda, o fizemos em respeito a este gesto que se transformou em uma religião de milhares de brasileiros e que ganhou adeptos em outras nações.
Vale esclarecer ainda que também não pretendêssemos impor qualquer prejuízo ao senhor que adquiriu o imóvel. Hoje, o Estado brasileiro dispõe de inúmeros mecanismos de ressarci-lo na justa medida, caso houvesse interesse em tombar o imóvel dentro do conceito de patrimônio histórico.
Respeitamos os seus argumentos, embora deles não compartilhemos integralmente. Acolhemos as suas ponderações e agradecemos, humildemente, a fantástica oportunidade de dialogar com o irmão, neto do queridíssimo Zélio Fernandino.
Paz de Oxalá!
Caminheiros de Santo Antônio de Pádua/Rosane

Diante desse novo elemento, estamos mais do que à vontade para persistir na nossa bandeira pelo tombamento do Berço da Umbada. Que Oxalá faça dos umbandistas vitoriosos nessa luta.

Rosane Garcia/Caminheiros

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