Preconceito dissimulado

Em um ponto ou outro do país, surgem iniciativas que tentam esgarçar o tecido cultural brasileiro, principalmente os fios que revelam a diversidade religiosa, que traz no seu matiz os cultos afrobrasileiros. Recentemente, dentro do Congresso Nacional, um parlamentar paulista, que qualificou os negros de amaldiçoados tentou — felizmente, sem sucesso —, aprovar projeto de lei que favorecia os seus pares neopentecostais. Agora, no Amazonas, um vereador da bancada evangélica trabalha para emplacar um projeto que obriga as escolas terem pelo menos um exemplar da Bíblia. Esse parlamentares esquecem que a Constituição Federal define o Estado brasileiro como laico, ou seja, o Brasil não tem uma religião oficial, como ocorre em vários países.
No Brasil, prevalece a pluralidade e, portanto, todos têm o direito de professar a religião que bem entender. Mas o preocupante das iniciativas dos evangélicos é o que elas escondem: uma ação obstinada de satanizar as religiões de matriz africana.
Na edição de hoje do blog dos Caminheiros um exemplo condenável, vindo de Sergipe (http://oscaminheiros.blogspot.com/2011/09/justica-proibe-palmas-e-cantos-em.html), revela que essa "cruzada" contra a religiosidade afrodescendente permeia as diversas instâncias de poder e tenta colocar em xeque os ditames constitucionais e romper com a cultura do povo brasileiro.
Diferentemente dos artifícios utilizados pelos neopentecostais, os umbandistas e candomblecistas precisam se insurgir contra essas dissimulações e preconceitos velados cujo alvo são os negros e sua religiosidade. O momento, mais do que nunca, exige que todos reafirmem sua convicções em Oxalá e nos orixás. Mais ainda: assumam publicamente sua opção, seja pela Umbanda, pelo Candomblé, ou por qualquer outra manifestação de matriz africana, para mostrar às autoridades que a religiosidade afrodescendente reúne um um segmento importante da sociedade que soma bem mais do que o percentual inferior a 1% como mostrou o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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